Endurecimento das artérias pode elevar o risco de desenvolver um glaucoma em 13%, de acordo com a pesquisa
A rigidez arterial está associada ao aumento de risco de desenvolver um glaucoma. Esta foi a conclusão de um estudo recente, publicado no American Journal of Ophthalmology.
Embora o principal fator de risco do glaucoma seja o aumento da pressão intraocular (PIO), que causa danos irreversíveis no nervo óptico, os pesquisadores partiram da hipótese de que nem todos os tipos de glaucoma envolvem aumento da PIO, bem como há casos em que mesmo com a pressão intraocular controlada, há progressão da doença.
Os resultados do estudo apontaram que a rigidez arterial aumentou em 13% o risco de desenvolver um glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA). Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, os apontamentos são importantes, pois a detecção da rigidez arterial pode ser, potencialmente, usada na prática clínica para ajudar a identificar pessoas com risco de desenvolver um glaucoma.
O que é rigidez arterial
As artérias são vasos sanguíneos cruciais para o bom funcionamento do organismo. Elas transportam oxigênio e nutrientes vitais para os principais órgãos e sistemas do corpo humano. As artérias são flexíveis, mas, ao longo do tempo, elas podem perder a elasticidade, se tornando mais rígidas e endurecidas.
“Entre os fatores que levam à rigidez arterial estão o processo natural do envelhecimento, sedentarismo, tabagismo, má alimentação e doenças como pressão alta e diabetes. Quanto maior a rigidez das artérias, maiores são os riscos de doenças cardiovasculares e danos em órgãos importantes, como fígado, cérebro, coração e olhos”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Rigidez arterial e glaucoma – O que sabemos até agora
“Os danos glaucomatosos estão associados ao aumento da pressão intraocular (PIO). Contudo, temos alguns glaucomas, como o Glaucoma de Tensão Normal (GTN), em que há uma relação importante com a redução do fluxo sanguíneo. Os danos no nervo óptico, nesses casos, resultam da má circulação ou ainda de um fluxo sanguíneo flutuante na região da retina e nervo óptico”, conta a especialista.
A partir dessas descobertas, alguns pesquisadores sugerem que medicamentos orais, como os anti-hipertensivos, poderiam ajudar no tratamento do glaucoma. Outra linha de investigação sugere que estão surgindo evidências de uma associação inversa entre o uso de alguns anti-hipertensivos e a PIO. Em particular, os betabloqueadores sistêmicos têm sido associados a uma redução moderada da PIO.
Novas abordagens para diagnóstico e tratamento do glaucoma
O glaucoma é a segunda principal causa de cegueira no mundo. Infelizmente, as estimativas apontam um aumento do número de casos, especialmente associado ao envelhecimento da população.
“Portanto, estudos como esse são cada vez mais importantes para adotarmos novas abordagens de triagem dos pacientes. Em outras palavras, há outros fatores de risco, como a rigidez arterial, que devem ser considerados para encaminhar o paciente para uma triagem mais precoce. Embora não tenha cura, o glaucoma identificado em fases mais iniciais, tem tratamento e controle”, finaliza Dra. Maria Beatriz.