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Centenas de atletas, incluindo olímpicos e paralímpicos, pedem à Coca-Cola e Pepsi que aumentem reutilização de embalagens

As organizações e os atletas enfatizam que a reciclagem, por si só, não resolverá a crise da poluição plástica. Foto: Oceana / Juan Cuetos

Nos últimos seis anos, empresas estiveram entre as principais poluidoras por plásticos do mundo, segundo dados anuais do movimento #BreakFreeFromPlastic

Onze organizações esportistas e 102 atletas de elite, representando 43 esportes e 30 países, pediram que a Coca-Cola, a Pepsi e a engarrafadora Coca-Cola Europacific Partners se inspirem nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024 e aumentem significativamente o número de embalagens reutilizáveis em suas operações até 2030. Com abertura oficial hoje (26), esta edição olímpica será o maior evento esportivo a servir bebidas em embalagens reutilizáveis, substituindo potencialmente milhões de copos de plástico descartáveis.

Em uma carta liderada pelas organizações Sailors for the Sea, vinculada à Oceana,e EcoAthletes, os signatários expressaram sua preocupação com a crescente crise mundial de poluição plástica e demandaram que as multinacionais de refrigerantes adotassem embalagens reutilizáveis em futuros Jogos Olímpicos e outros eventos esportivos.

Entre os 113 signatários, estão mais de 50 atletas olímpicos, paraolímpicos, campeões do mundo e recordistas mundiais, incluindo 22 atletas que disputarão a Olímpiada deste ano. Dentre eles, estão a italiana Alessia Zecchini, 39 vezes recordista mundial de mergulho livre, Zach Apple, nadador com duas medalhas de ouro olímpicas pela equipe dos Estados Unidos, e Andy Macdonald, skatista de 50 anos que vai a Paris 2024 representando a equipe da Grã-Bretanha.

As organizações e os atletas enfatizam que a reciclagem, por si só, não resolverá a crise da poluição plástica – apenas 9% de todos os resíduos plásticos gerados até hoje no mundo foram reciclados. “O aumento da poluição por plásticos representa uma enorme ameaça aos oceanos e à nossa saúde”, disse Shelley Brown, diretora da Sailors for the Sea. “Os plásticos estão por toda parte, flutuam na superfície do oceano e estão no ar que respiramos e na água que bebemos. Temos que reduzir a produção de plástico de uso único. Precisamos de mais reutilizáveis e menos descartáveis”, alertou.

O presidente e fundador da EcoAthletes, Lew Blaustein, afirmou que “quando se trata da poluição por plásticos e dos seus muitos impactos sobre a saúde pública e o clima, a humanidade está atrasada e precisa se reposicionar urgentemente. A reciclagem não vai resolver o nosso problema, nem de longe. A única maneira de chegarmos aonde precisamos em relação à poluição por plásticos é um compromisso sistêmico para aumentar exponencialmente a reutilização e uma redução drástica dos itens descartáveis”.

Acostumada a competir em diversos países, a velejadora olímpica dos Estados Unidos, Lara Dallman-Weiss, acrescentou: “em todos os lugares do mundo, encontro plásticos descartáveis ​​poluindo nossas águas e nossa costa. Precisamos agir mais para conter a crise dos plásticos”.

De acordo com um estudo da Oceana, um aumento de 10% no uso de embalagens de bebidas reutilizáveis ​​em nível mundial, até 2030, poderia eliminar mais de 1 bilhão de garrafas e copos plásticos descartáveis. Essa mudança pode impedir que até 153 bilhões dessas embalagens cheguem aos cursos d’água e aos oceanos. 

A carta pede ainda à Coca-Cola e à Pepsi que mantenham a tocha da reutilização acesa após as Olimpíadas, comprometendo-se a:

* Oferecer a reutilização como opção a todos os seus clientes em nível global e aumentar significativamente o uso de embalagens reutilizáveis ​​até 2030.

* Garantir que os futuros Jogos Olímpicos e outros grandes eventos esportivos substituam embalagens descartáveis por opções reutilizáveis.

* Defender a inclusão, nas legislações nacionais e no Tratado Global Contra a Poluição Plástica, de metas juridicamente vinculantes e de outros mecanismos para aumentar o número de embalagens reutilizáveis​​.

A carta também foi apoiada por #BreakFreeFromPlastic, Oceana,Adansonia.green, Defend Our Health, Front Commun pour la Protection de l’Environnement et des Espaces Protégées, Greeners Action, Habits of Waste e Retorna.

UMA ESTRATÉGIA CIRCULAR

O Brasil, maior produtor de plástico da América Latina, produz cerca de sete milhões de toneladas desse material todos os anos. Desse total, cerca de três milhões de toneladas são de itens de uso único, como embalagens e produtos descartáveis, que acabam nos oceanos, rios e aterros.

Diante desse cenário de poluição, mais de 80 organizações da sociedade civil se uniram na campanha Pare o Tsunami de Plástico, com o objetivo de rever a forma como o plástico é produzido, consumido e descartado no país. A campanha nasceu em apoio ao Projeto de Lei 2524/2022, atualmente em tramitação no Senado, que defende a implementação de uma Economia Circular desse material no Brasil.

“Não faz sentido continuarmos insistindo em um sistema de produção que só foque no produto depois de ele virar um problema para o meio ambiente e para a nossa saúde. Precisamos de uma legislação nacional que trate dessa crise global com urgência”, destacou Lara Iwanicki, gerente de advocacy da Oceana.

Além de estabelecer metas de reuso e de reciclagem, o Projeto de Lei propõe que só sejam disponibilizados no mercado itens capazes de retornar para a cadeia de produção, reduzindo o acúmulo de resíduos no meio ambiente e incentivando indústrias e produtos mais sustentáveis. Saiba mais sobre a campanha Pare o Tsunami de Plástico e participe do abaixo-assinado em apoio ao PL 2524/2022.