Referência na formação em pediatria, Pequeno Príncipe chama atenção para a importância do acompanhamento das crianças por esses profissionais
De acordo com os dados da Demografia Médica no Brasil, de 2020, menos de 10% dos pediatras brasileiros atuam no Sistema Único de Saúde. Na época, o número de especialistas no país era de quase 40 mil profissionais. Quatro anos depois, a quantidade de pediatras é superior a 48 mil médicos, mas a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) avalia que, apesar da existência de recursos humanos qualificados e capacitados, a presença deles na rede pública ainda é baixa. Para a organização, isso se traduz no número insuficiente de consultas em puericultura.
A falta desse acompanhamento traz desdobramentos visíveis nos indicadores de saúde na infância e adolescência. Além disso, a ausência do acompanhamento pelo pediatra nas diferentes etapas da vida da criança tem reflexos no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos jovens.
Pesquisa do Ministério da Saúde, de 2022, realizada em 13 capitais nas cinco regiões do Brasil, aponta que 12% das crianças brasileiras de até 5 anos têm suspeita de atraso no desenvolvimento e não apresentam os comportamentos e habilidades esperados para essa faixa etária.
O documento mostra, ainda, que a incidência de atraso cresce entre as famílias socialmente mais vulneráveis, justamente as que usam a rede pública de assistência. A queda nos índices de cobertura vacinal e os diagnósticos tardios, que muitas vezes comprometem a vida da criança, também aparecem como consequência da falta de acompanhamento com um profissional especializado.
“Toda criança tem direito a ser assistida por um pediatra. Não é possível que as crianças de famílias que podem contratar um plano de saúde tenham acesso a um pediatra, e as crianças do SUS não. Isso é uma desigualdade insustentável, pois o olhar especializado de um pediatra pode verdadeiramente mudar a história de vida de uma criança”, defende o diretor-técnico do Hospital Pequeno Príncipe, Donizetti Dimer Giamberardino Filho.
Imprescindível
Diante desse cenário, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, reforça, na véspera do Dia Nacional do Pediatra (27/7), que a instituição reverencia os médicos que se dedicam às crianças e adolescentes e destaca a importância de a criança ter seu desenvolvimento acompanhado por esse especialista.
O Ministério da Saúde recomenda que até os 6 anos as crianças passem por um mínimo de 13 consultas desse tipo, assim distribuídas: sete consultas no primeiro ano de vida, duas consultas no segundo ano e uma consulta por ano até os 6 anos.
Para o diretor-técnico do Pequeno Príncipe, ser pediatra é um modo de vida que exige uma série de características únicas e muita sensibilidade. “A pediatria representa uma medicina qualificada para assistência, prevenção, promoção da saúde e defesa social. O pediatra precisa ter uma visão integral voltada às crianças que também considere relações familiares. Para tratar é necessário estudar o contexto e as condições nas quais ela vive, respeitando as suas peculiaridades e a vulnerabilidade da criança e do adolescente. Isso é mais do que ser médico”, considera Giamberardino Filho.
O médico frisa ainda que o cuidado especializado deve iniciar-se na primeiríssima infância, período que abrange a gestação até os 2 anos de idade da criança. “Quanto mais cedo iniciarmos esse cuidado, melhor será o desenvolvimento cognitivo, intelectual e comportamental do indivíduo”, ressalta.
Formação
A SBP estima que pelo menos quatro mil novos especialistas concluam sua residência em pediatria todos os anos. Com 48.654 profissionais atuando hoje, o Brasil possui atualmente 22,81 pediatras para cada grupo de cem mil habitantes. Entretanto, a distribuição desses profissionais pelo país é desigual. Há uma grande concentração desses especialistas nos estados mais desenvolvidos e nas capitais. Dados de 2023 demonstram que 53% dos pediatras estão na Região Sudeste, enquanto apenas 4% estão na Região Norte.
Ainda de acordo com a SBP, existem no Brasil hoje mais de 270 programas de residência em pediatria. O programa do Pequeno Príncipe é um deles e está entre os mais concorridos do país. Dessa forma, o Hospital, considerado o berço da pediatria no Paraná, contribui para melhorar o cenário nacional da assistência oferecida às crianças e aos adolescentes.
Criado na década de 1970, atualmente, o Hospital disponibiliza, em parceria com a Faculdades Pequeno Príncipe, além de residência em outras áreas médicas, a residência em pediatria e suas áreas de atuação. De lá para cá, formou mais de dois mil pediatras de todas as regiões do Brasil. Esses residentes, muitas vezes, após a formação, voltam para seus estados de origem, qualificando a assistência local.
Além de formar profissionais qualificados para atuar em todo o país, o Pequeno Príncipe também mantém um programa de educação continuada para médicos. É o Multiplica PP, que disponibiliza cursos on-line e híbridos em diversas áreas da pediatria. Lançado em 2022, o programa já capacitou mais de mil profissionais.
Sobre o Pequeno Príncipe
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de cem anos para crianças e adolescentes de todo o Brasil. É referência nacional em tratamentos de média e alta complexidade, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Com 369 leitos, incluídas as 76 UTIs, atende em 47 especialidades e áreas da pediatria, que contemplam diagnóstico e tratamento, com equipes multiprofissionais, e promove 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, realizou cerca de 228 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil cirurgias e 307 transplantes. E, pelo terceiro ano consecutivo, a instituição figura como o melhor hospital exclusivamente pediátrico da América Latina, de acordo com um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.