Carla Deliberato, fonoaudióloga, explica como fazer uma escolha inteligente de mordedores, talheres, pratos e copos nos primeiros contatos dos pequenos com a comida
A alimentação complementar nada mais é do que os alimentos ofertados às crianças, que servem como complemento do leite materno. Significa o primeiro contato dos pequenos com a comida e pode ser decisiva para o desenvolvimento, ou não, de casos de recusa alimentar.
Por isso, é muito importante que pais e responsáveis deem atenção para este momento das crianças, o que deve acontecer desde os primeiros meses de vida. De acordo com a fonoaudióloga Carla Deliberato, especialista em casos de recusa alimentar, estimular o ato de se alimentar, de uma forma prazerosa, criativa e autônoma para os pequenos, é a melhor saída.
Como começar? A profissional ressalta a importância da escolha dos utensílios, como mordedores, colheres e pratos, nas fases iniciais da criança. “Essa introdução alimentar complementar precisa ser feita de maneira exploratória pelo bebê. E é muito importante que a família tenha em mente, que o bebê também precisa conseguir chegar até a sua boca, ele tem que levar a mãozinha. Para isso, existem os mordedores”, ressalta a fonoaudióloga.
“É uma fase em que a criança ainda está aprendendo a se alimentar e se ela ficar com uma sensação ruim, muito provavelmente vai começar a não levar mais aquilo na boca, porque causa um desconforto”, complementa a profissional que enfatiza a atenção dos pais e responsáveis nessa tarefa.
Portanto, a introdução alimentar complementar precisa ser acompanhada de escolhas inteligentes de utensílios para as crianças utilizarem. Carla Deliberato explica como escolher cada uma delas.
Mordedores: os mordedores de bebês mais indicados são os que tenham textura, aqueles com uma rugosidade na ponta, que sejam compridos, longos, e realmente consigam explorar bem a cavidade oral, bem lá no fundo da boca do bebê, nessa fase de introdução alimentar.
Colheres: o ideal é que elas não sejam colheres muito fundas, muito côncavas e muito largas igual uma colher de sopa, e sim, mais estreitas para que não vá grande quantidade na boca do bebê e ele acabe tendo uma náusea. O ideal nesse início é pensar em colheres de silicone, colheres mais moles, e evitar as colheres de metais que também podem deixar as crianças mais suscetíveis à náuseas.
Garfos e facas: Há garfos que são infantis, que não são pontiagudos, e sim, próprios para as crianças. Esses não terão risco de machucar a língua e bochecha dos pequenos.
Já as facas, também precisam ser as próprias para crianças. Elas não vão conseguir cortar, mas é possível ofertar, a criança vai fazer um movimento de imitação e ficar contente de estar conseguindo “imitar” o movimento dos adultos. “O objetivo não é nem comer com aquilo, mas que aquilo sirva de ponte para ela interagir com o alimento”, diz Carla.
Pratos: uma boa escolha é um prato que tem ventosas, que fixam ele melhor em cima de uma superfície, para manter ele mais tempo por perto da criança. É importante entender que ela vai brincar, vai derrubar comida, e isso é normal.
Copos: é muito importante que a criança tenha acesso a bicos que não necessariamente sejam o bico de mamadeira. Há os copinhos de transição, que ainda não são copos abertos de adulto, mas copos que tem um bico diferente, retangular, que auxilia a criança na transição.
Também há os copos 360 graus, que são copos redondos, que parecem um copo aberto de adulto, mas que nao derrama o conteúdo em cima dos pequenos. O mais legal ainda para as crianças, são os copos com canudo, pois ainda proporcionarão a habilidade de sucção da criança. É ideal sempre pensar em materiais de plástico, não de vidro.
Sobre Carla Deliberato:
Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.
Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.
Passou a entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando descobriu que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas recorrentes durante o processo de introdução alimentar.