Mudanças de hábitos podem melhorar a qualidade de vida e evitar as doenças
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são as doenças que mais afetam os trabalhadores brasileiros. Desde o ano 2000 é celebrado no dia 28 de fevereiro o Dia Mundial de Combate à LER e à DORT. Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de casos cresceu 184% entre 2007 e 2016 – situação que os especialistas acreditam ter piorado ainda mais na pandemia. A LER é uma doença ocupacional, causada pela realização de movimentos repetidos por longas horas por dia, tais como elevar objetos acima dos ombros, escrever ou digitar, fazer trabalhos artesanais ou mesmo torcer panos.
A LER pode ocorrer tanto na atividade de trabalho e domiciliar, quanto em atividades de lazer e recreação. Já a DORT, está relacionada exclusivamente à atividade de trabalho e normalmente acomete pessoas em atividades que realizam o mesmo movimento por período prolongado.
Segundo o professor do Curso de Fisioterapia da Estácio, Fernando Frajacomo, ambas as doenças ocorrem por movimentação articular de forma inadequada e repetitiva. “As exigências por metas e produtividades se somam as demandas do aparelho locomotor. Movimentos repetitivos, cargas vibratórias, ausência ou impossibilidade de pausas, permanência em posições estáticas por tempo prolongado, além de um mobiliário e equipamentos que não propiciam conforto, aliado a um baixo tempo de recuperação, pressionam os trabalhadores aos seus limites físicos e psicossociais”, completa.
O diagnóstico das doenças é feito por meio de um exame clínico, no qual são avaliados os principais sintomas. A médica ortopedista e docente do IDOMED, Dra. Gisleika Valério Bianco Ursolino alerta que os sintomas são variados, mas entre os mais comuns estão: desconforto/dor no membro ou grupo muscular afetado, sensação de fadiga e de peso, formigamento, inchaço e limitação dos movimentos da articulação envolvida. “Os indivíduos mais vulneráveis são os que trabalham em uma determinada postura por tempo excessivo sem realizar pausas adequadas para a recuperação muscular, os que são expostos ao frio e vibração excessivos, e os sedentários”, afirma a médica.
A maior parte dos casos pode ser resolvida com tratamentos, sem a necessidade de cirurgias, com uso de analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia e mudanças relacionadas à ergonomia. Apenas nos casos nos quais estes tipos de tratamentos não surtem efeito, a cirurgia pode ser a solução.
A médica ainda explica que a adequação da ergonomia no local de trabalho é um fator importante na prevenção e também no tratamento da LER/DORT. “Destaca-se a inclusão de pequenas pausas na jornada de trabalho, ginástica laboral, alongamentos musculares e preparo físico através de exercícios, como fatores para a melhora do quadro de dor presente nessas afecções”.
“Neste dia mundial de combate à LER e DORT se programe para reconhecer seus limites no ambiente de trabalho. Dores, formigamentos, perda de força ou concentração durante a jornada de trabalho são sinais importantes desse limite entre saúde/doença ocupacional”, finaliza o professor da Estácio.
Algumas mudanças de hábitos que podem prevenir a doença e melhorar a qualidade de vida:
– Prestar atenção à postura ao realizar qualquer atividade.
– Alongar o corpo, incluindo os membros superiores por completo.
– Dar pausas para caminhar e movimentar o corpo.
– Pratique exercícios laborais frequentes para compensar o esforço dos membros estressados
– Evite o excesso de carga horária.