Mais um ano começa e as empresas que estão em setores aquecidos precisam iniciar as movimentações de negócios, dando continuidade aos resultados vistos nos últimos meses. Para o setor de logística, que vem de anos sequenciais de crescimento, é importante que as empresas acompanhem as tendências em ascensão, ou aquelas ainda não identificadas em larga escala, para prolongar o bom momento.
As tendências que estarão presentes no setor de logística brasileiro em 2023 podem ter serventia para auxiliar desde startups até grandes empresas que atuam em diversas frentes. E isso é consequência do forte desenvolvimento que esse mercado viu no país nos últimos anos, com crescimento de 30%, segundo dados da Kantar.
Entre os tópicos que devem estar cada vez mais presentes nos planejamentos e investimentos das empresas, estão as plataformas e serviços de inteligência artificial e automatização, rastreio e monitoramento, entregas expressas, bem como soluções de eletrificação e sustentabilidade.
Inteligência artificial e 5G
Apesar de já ser carta marcada há alguns anos, o potencial da inteligência artificial ainda não foi desbravado com profundidade – o que deve mudar esse ano, com o 5G enfim ganhando espaço na infraestrutura do país. A nova geração de internet pode auxiliar as empresas de logística a garantir que a IA tenha mais espaço, ampliando a internet das coisas e trazendo uma automatização nos processos operacionais.
Com a capacidade de conectar mais dispositivos e a maior velocidade de rede, será possível aprimorar plataformas e softwares que beneficiam a produtividade, atuando diretamente em redução de custos e falhas – que impactam diretamente nos resultados financeiros dessas companhias. Por outro lado, a comunicação entre motoristas e o setor de gestão de entregas será mais próxima.
Rastreio e monitoramento
Investimento em segurança também não pode ser negligenciado, por trazer benefícios para a empresa, entregador e cliente. A utilização de câmeras internas e externas, rastreadores nos veículos e softwares que monitoram o trajeto tanto das fábricas para centros de distribuição, quanto desses para o cliente final, vem sendo cada vez mais necessária para as companhias de logística.
Assim como para a inteligência artificial e automatização, o 5G novamente será um reforço para essas soluções, fazendo com que a empresa e o cliente possam ter acesso em tempo real às informações. Enquanto para a primeira possibilita estudar novas formas de melhorar trajetos, ampliar a multientrega e monitorar a segurança do motorista, o consumidor poderá ter confiança de que o pedido não será extraviado.
Entregas expressas e outros modelos
Em 2015, quando a gigante do comércio eletrônico, Amazon, lançou seu serviço de entrega no mesmo dia em alguns estados americanos, as varejistas entraram em polvorosa, visto que essa prática parecia de difícil aplicação e com custos elevados – mas que se bem feito, traria grande aumento nas vendas e clientes satisfeitos com a praticidade de comprar algo e receber poucas horas depois.
O sucesso dessa estratégia é conhecido por todos e por conta dela surgiu um novo tipo de serviço, às vezes concorrente e em outras complementar, que são os aplicativos de entrega. Essas plataformas permitiram com que desde restaurantes e farmácias até pequenas e médias lojas conseguissem se estabelecer no mundo online, fazendo entregas de qualquer tipo de encomendas.
Esse tipo de entrega, que o cliente faz um pedido e recebe em poucos minutos é chamado de expressa – sendo o aplicativo apenas um intermediador entre a loja e o consumidor. Entre as vantagens desse serviço está a agilidade na entrega e a praticidade do comprador receber o pedido sem sair de casa, enquanto as empresas não precisam estabelecer uma área logística própria, que costuma sair mais caro e demandar processos específicos.
Para 2023, a expectativa é que esse mercado enfim se consolide, visto que os últimos anos trouxeram muitos players para ele, como a startup Borzo, que recentemente completou seu primeiro ano de operação no Brasil, com mais de 3.2 milhões de entregas realizadas. Segundo análise da Fundação Getúlio Vargas, são cerca de 250 aplicativos disponíveis somente no Brasil fazendo esse tipo de serviço.
Sustentabilidade e eletrificação
Outra tendência que não tem como deixar de fora é sustentabilidade, e consequentemente, eletrificação da frota de veículos logísticos. Com as empresas cada vez mais interessadas em se tornar carbono neutro, é natural que oportunidades surjam nessa área.
Ademais, a logística sustentável também pode ser importante para gerar novas operações inteligentes, que reduzam custos. Uma das formas mais palpáveis atualmente são os veículos híbridos e elétricos, que chegaram à marca de 100 mil emplacamentos em 2022, e podem fazer parte da frota das empresas. Junto desses, motos e caminhões e vans também estão no processo de eletrificação e em breve terão parte relevante nesses dados.
Big data e analytics
Outra tendência que merece a atenção das empresas, são as plataformas de big data e data analytics, que cada vez mais vão fazer a diferença para as empresas que as utilizam. Segundo o Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos, 71% das transportadoras e empresas de terceirização de logística acreditam que o uso do big data melhora a qualidade e o desempenho das operações. Aprofundando ainda mais, ambos desses setores acreditam que as decisões orientadas pelos dados monitorados são cruciais para as atividades da cadeia de suprimentos.
Ademais, as tendências apresentadas são apenas algumas das que devem movimentar o setor logístico neste ano. Além disso, o reforço na eficiência da última milha, investimentos em segurança cibernética para proteção das informações sensíveis dos clientes e consumidores e a capacitação de funcionários em tópicos mais ligados à área de tecnologia, não só ao operacional logístico.
Portanto, 2023 se apresenta como um ano promissor para o setor de entregas, mas que vai exigir das empresas e dos profissionais o acompanhamento de diversas inovações que vão estar mais presentes na área. Isso significa que será necessário um melhor alinhamento de estratégias, mas que se feito corretamente, trará um período de expansão e resultados positivos.
*Ana Sutil é gerente de operações da Borzo.