Método ilegal pode acarretar infecções por DST’s e o desenvolvimento de outras infecções bacterianas
Difundida por diversas redes sociais no país, a prática de inseminação clandestina – conhecida como “caseira” e realizada sem acompanhamento médico – tem crescido entre os brasileiros. Além de ser ilegal, o uso deste método pode resultar em sérios problemas para a saúde da mulher e também do bebê, de acordo com a Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Os riscos variam desde a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), como o HIV e a Sífilis, até o desenvolvimento de outras infecções bacterianas, que podem levar à infertilidade da paciente.
O presidente da SBRA, Alvaro Pigatto Ceschin, destaca a preocupação da comunidade médica com tal procedimento e ressalta a importância de informar toda a população dos perigos da prática. “A SBRA vê com preocupação a disseminação deste tipo de conduta, principalmente utilizando as mídias sociais com falsas promessas. Muito importante alertar sobre os danos à saúde que a mulher corre, bem como o possível risco emocional e legal da futura criança”, disse.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Embriologistas em Reprodução Assistida (Pronúcleo), Bernardo Moura, a contaminação por DST’s é um dos principais riscos para as mulheres nestes casos. “Esse possível doador de sêmen não passa por uma triagem em relação a exames sorológicos necessários para a realização do tratamento, bem como a contaminação no momento da manipulação da amostra podendo causar infecções bacterianas graves no sistema reprodutor que podem levar a infertilidade”, destacou o médico.
E os perigos não param por aí. Ainda segundo Moura, a prática ilegal pode resultar em questões judiciais e até afetar o corpo da mulher que a faz. “A realização desse procedimento traz também riscos legais de disputa pela custódia da criança ou extorsão de valores no futuro – já que essa prática não tem respaldo jurídico. E isso sem contar nos riscos físicos, já que na introdução da seringa ou cateter, a paciente pode machucar seu aparelho reprodutor”, ressaltou.
O especialista informa também que este método tem sido comum, principalmente, em casais homoafetivos femininos, que se utilizam de doações de sêmen de terceiros para a sua realização. “Essa é uma prática que tem sido realizada principalmente por casais homoafetivos femininos, mas há relatos de uso em casais heterossexuais e até mesmo de produção independente. Nesses casos o principal fator considerado para essa prática é financeiro pois podem enxergar o procedimento como uma via mais econômica para a tentativa de gravidez, concluiu Moura.
A inseminação intrauterina caseira é a prática rudimentar do técnico científico e seguro, porém de forma caseira e sem acompanhamento de profissionais capacitados. Nessa prática, a paciente recorre a um conhecido ou alguém que comercialize esse sêmen, algo que é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Através de uma seringa, a paciente introduz o sêmen e sem o preparo necessário, sem cuidados de assepsia e sem exames sorológicos ou informações de doenças hereditárias sobre o “doador de espermatozoides” injetam no canal vaginal o sêmen no período ovulatório do ciclo menstrual.
Recomendações para uma inseminação segura:
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Embriologistas em Reprodução Assistida (Pronúcleo), Bernardo Moura, o primeiro passo para quem deseja engravidar é se preparar para esse momento. O médico esclarece que embora pareça algo corriqueiro e comum é muito importante que a saúde do casal seja investigada antes da gravidez para que se previna intervenções futuras e riscos principalmente para gestante e o bebê. “Converse com um médico ginecologista ou especialista em reprodução assistida e busque as orientações necessárias para o preparo adequado para esse momento especial”, explicou.