Aumento da ansiedade e da depressão na época das festividades é notável; especialista comenta o que pode causar esses sentimentos
Falar em festa de fim de ano é o mesmo que falar de uma época em que familiares se reúnem, no entanto, para aquelas pessoas que perderam entes queridos, isso pode ser muito dolorido. O período de fim de ano, regado por festas e comemorações, pode ser uma época de muita alegria para muitos, mas certamente não para todos. Um dos primeiros estudos realizados sobre a piora dos transtornos mentais nessa época foi publicado há 40 anos, em 1982, pela Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. A pesquisa em questão nomeou essa condição como “Síndrome de depressão natalina”.
A princípio, um dos motivos para que essa época sirva de “gatilho” para algumas pessoas é a suposta necessidade socialmente imposta de se sentir feliz nesta fase do ano. Além disso, o período do Natal e do Ano Novo é marcado por reencontros familiares, o que pode ser estressante ou entristecedor para algumas pessoas por diferentes motivos. “Isso pode acontecer pela má relação com parentes ou pela perda de algum ente querido, que não está mais presente na data, por exemplo”, explica o médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, Dr. Ariel Lipman.
Saudade daqueles que já se foram
“A saudade pode apertar no final de ano e, com ela, vem a melancolia. Por isso, muitas pessoas acabam por se entristecer mais do que se alegrar nessa época, pois lembram de pessoas que já se foram, é como reviver o luto”, comenta o psiquiatra.
“A situação certamente será ainda pior quando é o primeiro Natal ou virada de ano em que uma pessoa passa sem alguém querido que já morreu, o que é natural”, complementa ele.
Além disso, pessoas que não mantêm boas relações com suas famílias também podem sofrer nesse período e, consequentemente, sentir mais solidão.
Sensação de solidão pode se agravar
A solidão pode se manifestar em pessoas que vivem sozinhas e não têm contato com familiares, por exemplo. Segundo o Dr. Ariel, muitas vezes elas vivem bem, mesmo sozinhas, mas durante as festas ficam mais deprimidas.
Entretanto, a solidão pode aparecer de diversas formas e não somente em pessoas que vivem sozinhas, uma vez que , apesar da proximidade física, tem gente que pode sentir-se emocionalmente distante dos demais.
“O sentimento de solidão não é incomum no final do ano e, ao contrário do que as pessoas possam pensar, não se sente assim só quem vive sozinho ou não tem familiares próximos, pois pessoas com famílias aparentemente bem estruturadas também podem ser atingidos por essa sensação”, explica o psiquiatra.
Necessidade de se sentir feliz e grato o tempo todo
A chamada “positividade tóxica” pode ser muito observada nessa época do ano. Ela é, resumidamente, uma postura assumida por algumas pessoas, a qual consiste em escapar ou silenciar qualquer tipo de sensação negativa. Sendo assim, no fim do ano, é possível testemunhar esse tipo de comportamento por parte de alguns, afinal, é socialmente imposto que a época das festas é necessariamente um tempo feliz para todos.
Porém, sabe-se que isso não é verdade, visto que nem todas as pessoas têm condições de comemorar ou motivos para celebrar. “Essa obrigação de se sentir feliz no fim do ano é algo que pode causar ansiedade em muitos. A pessoa que não compartilha desse espírito de comemoração pode se sentir desconcertada ou como se tivesse algo de errado com ela, mas é preciso entender que não é um dever comemorar ou estar bem no fim do ano e que cada pessoa é uma pessoa e está tudo bem não compartilhar das festividades alheias”, esclarece o médico.
“É importante dizer também que quando pensamos em festa de final de ano, estamos pensando também em um ciclo que se encerra, ou seja, é normal ficar ansioso pelas promessas do ano que está chegando e até triste por não ter conseguido cumprir tudo o que queria no ano que está acabando”, finaliza o Dr. Ariel.
Sobre a SIG
Fundada em 2011, no Rio de Janeiro, a Sig Residência Terapêutica, surgiu com o propósito de trazer um novo olhar em transtornos de saúde mental, com um tratamento humanizado, inclusivo e visando a ressocialização do paciente. Conta com 3 unidades, sendo duas na cidade do Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Atualmente é gerida pelos sócios Dr. Ariel Lipman, Dra. Flávia Schueler, Dra. Anna Simões, Elmar Martins e Roberto Szterenzejer.