A Organização Mundial da Saúde estima que, no mundo, mais de um milhão de bebês percam a vida todos os anos por causa da prematuridade
A Organização Mundial da Saúde estima que, no mundo, mais de um milhão de bebês percam a vida todos os anos por causa da prematuridade. Segundo o Ministério da Saúde, a cada dez minutos, seis bebês prematuros nascem no Brasil, o que corresponde a mais de 340 mil casos por ano. Isso coloca o país em décimo lugar no ranking mundial dos que mais registram nascimentos antes do tempo, ou seja, antes das 37 semanas.
A pequena Heloísa, agora com 5 meses, faz parte dessa estatística. Ela nasceu com 27 semanas e com 930 gramas por conta de um quadro de eclampsia gestacional que sua mãe, Thays Cristine Alves Valente, teve. “Na gestação do meu primeiro filho, eu já tinha tido pré-eclampsia e, quando descobri a gravidez da Heloísa, também tive essa preocupação justamente por saber que poderia ter de novo. Eu fiz acompanhamento pré-natal desde o início da minha segunda gestação, mas mesmo assim minha pressão ficou muito alta”, relata Thays.
A eclampsia é uma consequência da pré-eclampsia, doença que acontece devido à elevação da pressão arterial e que está entre os principais motivos da prematuridade. Por colocar em risco a vida da mãe e do bebê, o parto acaba sendo adiantado, como no caso de Heloísa. “Eu estava acompanhando e fazendo o tratamento para pré-eclampsia, até que um dia senti uma pressão muito forte na cabeça, fui para o hospital, e tinha evoluído para eclampsia. Como estava afetando a Heloísa, os médicos fizeram uma cesárea de emergência”, lembra a mãe.
Com 44 dias de vida, a menina precisou ser transferida para o Hospital Pequeno Príncipe – referência nacional também no atendimento multiprofissional de prematuros e recém-nascidos complexos – para investigar uma distensão abdominal. Ela foi diagnosticada com obstrução intestinal e passou por cirurgias. Heloísa teve alta no início de novembro, e a mãe, além da alegria pela recuperação, carrega também o sentimento de gratidão. “Ela é uma prematura extrema e ainda vai precisar de muito acompanhamento, então sempre estaremos pelo Hospital em consultas, mas ela já passou por muitas coisas e deu passos gigantes. Sou muito grata por todo o cuidado de todos os profissionais, e esse cuidado não é só com os pacientes, mas com todos os familiares também”, finaliza Thays.
Principal causa da mortalidade infantil
Por conta de histórias como a da Heloísa, o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do país, reforça neste 17 de novembro, lembrado como o Dia Mundial da Prematuridade, a importância da realização do acompanhamento pré-natal com qualidade, pois isso é fundamental para a redução da taxa de nascimentos prematuros, o que impacta diretamente também a redução da mortalidade infantil. “Muitas vezes, o parto prematuro acontece de forma inesperada, sem sinais ou sintomas. Fatores como infecções durante a gestação e hipertensão arterial podem gerar esse nascimento antes do tempo. Por isso é tão importante um pré-natal rigoroso, pois durante esse acompanhamento podemos identificar situações de risco que podem ser cuidadas e até mesmo evitar o parto prematuro”, enfatiza Silmara Aparecida Possas, neonatologista e gerente das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Pequeno Príncipe.
Se, durante o pré-natal, for identificada a possibilidade do nascimento prematuro, o obstetra também consegue planejar para que isso aconteça em centros especializados, capazes de proporcionar toda a assistência necessária e diminuir os riscos para a saúde do bebê. “Todos os prematuros precisam de um acompanhamento intensivo com uma equipe multiprofissional, pois a imaturidade dos órgãos, principalmente pulmões, coração, intestino, rim e cérebro, necessita de tratamento com especialistas para suportar o desenvolvimento fora do útero. E quando o nascimento deles acontece em locais especializados, não é necessário realizar o transporte desse paciente até outra instituição, evitando ainda mais os riscos para sua saúde e desenvolvimento”, explica a especialista.
O tempo de internamento de cada prematuro varia caso a caso e conforme o seu desenvolvimento, mas após a alta os cuidados e acompanhamentos com diferentes especialistas continuam. “O prematuro é um ser fantástico, porque ele tem uma energia intrínseca muito grande. E mesmo ficando internado por três, quatro, cinco meses, esse bebê vai precisar de acompanhamento por um período de pelo menos dois anos. É necessário sempre passar por diferentes avaliações oftalmológicas, pulmonares, gastrointestinais, renais, além de reabilitações com fisioterapia e fonoaudiologia, por exemplo. Nós sempre vamos querer que esses bebês tenham qualidade de vida”, finaliza Silmara.
A UTI Neonatal do maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe é voltada exclusivamente para bebês recém-nascidos ou prematuros que necessitem de cuidados intensivos e tratamentos especializados. A UTI tem 20 leitos, todos capacitados para atendimento de bebês de alto risco e de alta complexidade em casos de doenças de difícil diagnóstico ou por malformações, alterações de esqueleto e cutâneas.
O atendimento prestado é humanizado integralmente e efetuado por uma equipe multiprofissional formada por médicos de várias especialidades, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais e odontólogos, entre outros. Durante o tratamento, os pacientes contam com a presença dos pais e acompanhantes, com possibilidade de permanência em tempo integral, 24 horas por dia.
Sobre o Pequeno Príncipe
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais, e realiza 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Conta com 378 leitos, 68 de UTI, e em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro.