Qual é a melhor técnica de cirurgia de mama? Resposta: depende. Jamais teremos uma, e sim muitas respostas individualizadas para elucidá-la por completo. Mas há duas palavras-chave das quais não podemos prescindir: cuidado e critério.
Os padrões estéticos para as mamas mudaram ao longo do tempo. E não foram poucas as transformações. Os anos 1970 preconizaram seios muito pequenos e achatados. Passamos pelas décadas de 1980 e 1990, em que se observou entre as mulheres ocidentais a valorização das mamas mais volumosas. Nos anos 2000, as mamas redondas e projetadas passaram a exigir grandes volumes nos implantes de silicone.
Hoje, assim como em décadas anteriores, a cirurgia plástica se coloca como recurso para referências mais adaptadas aos novos tempos e ao dia a dia das mulheres.
Para iniciar nossas considerações sobre “qual é a melhor técnica de cirurgia de mama”, destacamos as pacientes que desejam relativamente maior volume, com o benefício de preservar o aspecto natural e harmonioso das mamas. Para estas, observando-se a inexistência de mamas caídas, há a mamoplastia de aumento. O procedimento cirúrgico utiliza implantes de silicone para aumentar e remodelar as mamas.
Entre outros aspectos que devem ser observados criteriosamente pelo cirurgião, além do volume da prótese de silicone, é muito importante avaliar em uma mamoplastia se a localização da prótese será feita atrás ou na frente do músculo.
Em pacientes muito magras, que não dispõem da cobertura mamária adequada, o especialista opta preferencialmente pela colocação da prótese de silicone atrás do músculo. Em outra situação, quando a mulher apresenta boa cobertura da mama, é possível posicionar a prótese tanto na frente quanto atrás do músculo.
A perda excessiva de peso, como a originada pela cirurgia bariátrica, requer a mastopexia, ou lifting de mama. A cirurgia consiste em reposicionar o tecido mamário e as aréolas, eliminar o excesso de pele e dar um novo contorno às mamas, conferindo um aspecto firme e jovem aos seios. Nestes casos, quando há tecido próprio suficiente, é possível fazer o levantamento utilizando-se exclusivamente o parênquima mamário. Diante de situações em que existe pouco tecido mamário, a prótese se faz necessária.
Mesmo em pacientes que não apresentaram grande emagrecimento, mas passaram pela gravidez, a amamentação ou mesmo o estado gravídico, pode haver aumento do volume mamário com uma posterior regressão deste aumento com o fim da produção de leite, conhecido como lactação. Este processo, comumente, faz com que as mamas das pacientes caiam, sendo indicada uma mastopexia com ou sem implante de silicone.
Quando estamos diante de pacientes que apresentam mamas muito grandes, ou gigantomastia, é necessário fazer a redução mamária para readequá-las. Mais uma vez, a mastopexia é um procedimento indicado para reposicionar as mamas.
Os meios de comunicação, de forma geral, vêm destacando alguns procedimentos que valem a pena ser incluídos na discussão sobre as técnicas de cirurgia de mama.
Hoje em dia, a mídia tem dado grande visibilidade ao “sutiã interno”. Trata-se de uma linha de sutura com um fio farpado, colocada por dentro da mama, na linha axilar anterior, que fixa a mama mais ao centro. Sem dúvida, é uma técnica importante, mas não livra a mulher de usar o sutiã. Isso em razão de um tecido conectivo que faz a mama ceder.
Outro termo de vem alcançando repercussão é a “alça muscular”. Este é um procedimento combinado com a mastopexia ou com a inclusão de prótese de mama. Quando a prótese é colocada em uma posição mais profunda do músculo, preservamos uma faixa muscular na porção inferior e lateral para oferecer maior apoio ao implante. A técnica diminui o risco de deslocamento lateral e para baixo.
Diante de todos os aspectos apresentados, podemos concluir que nenhuma técnica pode ser determinada antes dos exames. E aqui as palavras “cuidado” e “critério” ganham ainda mais relevância.
Tudo, absolutamente tudo a respeito da paciente, deve ser levado em conta pelo cirurgião plástico: o estilo de vida, a prática regular de exercícios e os hábitos alimentares, por exemplo. Além de todos os exames clínicos, o especialista vai considerar o biótipo da paciente, o peso, a textura das mamas, entre muitos outros fatores.
Em cirurgia plástica, expectativa e realidade devem sempre seguir irmanadas com o ideal de um corpo harmônico e natural.
Juliano Pereira – CRM 141574
Cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (2018-2020 / 2021-2023).