As pessoas que estão inseridas no contexto suicida precisam de ajuda daqueles que estão próximos, mas ser tratado por um especialista é essencial; psiquiatra dá dicas de como ajudar
A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). O tema ainda é considerado tabu, mas é importante falar cada vez mais sobre ele para que as pessoas que se encontrem nessa situação, ou tenham alguma tendência, consigam se tratar corretamente. Além disso, explorar o assunto é importante para amigos, familiares e pessoas próximas daqueles que vivem nessa condição, já que precisam lidar diariamente com dúvidas e incertezas.
Médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, o Dr. Ariel Lipman explica que quem convive com pessoas nessa situação deve estar sempre atento e, na medida do possível, tentar ajudar, mas é importante frisar que todo cuidado é pouco. “Uma pessoa inserida em um contexto suicida precisa de muita atenção e ajuda, mas, mais do que isso, precisa ser tratada por um médico, pois estamos falando de um transtorno que pode ser muito grave, ou seja, toda ajuda é bem-vinda, mas vale um alerta para respeitar os limites do paciente e ter consciência que ele precisa de ajuda profissional”.
As pessoas que convivem com esses pacientes costumam ficar perdidas diante da situação e procuram inúmeras formas de ajudar sem saber como. “É normal que familiares e amigos não saibam o que fazer – e o que não fazer – no momento de oferecer ajuda, pois cada caso é um caso e cada ser humano reage de uma forma’, explica o especialista. Segundo Lipman, a primeira forma de ajudar é tomando cuidado com o que falar e fazer.
Sem julgamentos
Quando uma pessoa está passando por um momento delicado, principalmente em relação à saúde mental, é comum que elas sejam julgadas e ouçam frases como “isso é frescura”, o que pode piorar o estado emocional do paciente e, consequentemente, toda sua situação.
“A pessoa que tem uma doença mental, seja ela qual for, fica mais sensível ao ouvir determinadas coisas, principalmente de pessoas próximas, então antes mesmo de pensar em formas de ajudá-la, é importante ter em mente o que não se deve fazer ou falar para alguém que esteja nessa condição”, comenta o Dr.
Segundo o especialista, uma pessoa que na condição de suicídio já perdeu a esperança na vida, então qualquer coisa negativa em relação a ela, atrapalha e, pior, pode agravar a situação. “Ao invés de julgar, pergunte como pode ajudar, escute, mostre opções de tratamentos”, completa ele.
Suporte emocional com limites
É comum que uma pessoa queira ajudar oferecendo suporte emocional e isso inclui uma boa conversa, com palavras de carinho, consolo e compreensão, mas é importante sempre ficar atento ao que é dito.
“Lidar com uma pessoa suicida é como pisar em ovos e todo cuidado é pouco, por isso é importante ouvir muito mais do que falar e se colocar à disposição da pessoa é uma boa alternativa. O correto é discutir a questão, mas isso tem que ser feito do jeito certo, sem romantizar ou banalizar o problema”, explica o especialista.
Além disso, também faz parte do processo de qualquer transtorno mental, o paciente não querer falar e respeitar esse limite é essencial. “Não insista para a pessoa falar, respeite o espaço dela, mas esteja sempre atento”.
Opções de tratamentos
Qualquer tipo de ajuda é bem-vinda, mas não podemos esquecer que transtornos mentais podem ser muito graves, principalmente quando a pessoa apresenta comportamentos suicidas, o que significa que ela deve procurar ajuda médica e oferecer opções de tratamentos adequados é a maior ajuda que se pode oferecer nesses casos.
“A análise de cada caso deve ser sempre feita por um especialista e em todos os cenários sérios é preciso acompanhamento médico”, pontua ele.
Apoio incondicional
Se a pessoa está nessa situação, não é por um desejo dela e o tratamento será difícil e doloroso não só para ela, mas para todos os amigos e familiares, mas lembre-se que ninguém sofre mais do que quem está passando por esse problema e é por isso que o apoio é essencial.
“O paciente espera ter o apoio daqueles que mais ama, mas é um tratamento difícil e que exige paciência. Terão momentos em que ele estará mais agressivo, emotivo e triste e esses são momentos em que eles precisam ter um apoio ainda maior”, finaliza o Dr. Ariel.
Sobre a Sig – Fundada em 2011, no Rio de Janeiro, a Sig Residência Terapêutica, surgiu com o propósito de trazer um novo olhar em transtornos de saúde mental, com um tratamento humanizado, inclusivo e visando a ressocialização do paciente. Conta com 3 unidades, sendo duas na cidade do Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Atualmente é gerida pelos sócios Dr. Ariel Lipman, Dra. Flávia Schueler, Dra. Anna Simões, Elmar Martins e Roberto Szterenzejer.