Com paciência, compreensão e técnicas adequadas é possível controlar, mudar e até evitar a situação
É comum as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentarem comportamentos inadequados que interferem no seu relacionamento social e desenvolvimento. Mas é possível mudar ou até evitar esse tipo de problema de comportamento. Como? É o que a psicóloga Bianca Balbueno vai falar na palestra que ministrará no próximo dia 13 e setembro, às 9h, no 6º CONOTEA, o maior e mais importante congresso online sobre TEA no Brasil.
Comportamentos inadequados no autismo, conforme adianta a psicóloga, são aqueles que trazem prejuízos para a pessoa com autismo e sua família, como os autolesivos, em que a pessoa se bate, se morde, se joga no chão, bate a cabeça, belisca, puxa o próprio cabelo; e os heteroagressivos, ou seja, bater nos outros de diversas formas, gritar, chorar entre outros.
Isso ocorre devido, principalmente, à dificuldade que as pessoas com TEA têm em se comunicar e expressar seus sentimentos, desejos e interesses. “Um dos critérios diagnósticos do TEA é o prejuízo na comunicação social, portanto comunicar o que quer e o que não quer, é muito difícil.”, explica Bianca.
Acidentalmente, alguns comportamentos inadequados acabam sendo reforçados devido à função comunicativa e se instalam no repertório da criança. A psicóloga exemplifica: “A criança não quer tomar banho naquele momento então grita, chora, e os pais diante dessa situação, desistem de fazê-la tomar banho, consequentemente ela aprende que essa é uma forma de comunicar recusa, e faz isso sempre que não quer algo”.
Experiente em Intervenção Comportamental aplicada ao TEA e suas comorbidades, Bianca observa que essa é uma atitude inadequada que as pessoas têm não só com crianças com autismo, mas com qualquer criança. “O principal erro é perder a calma diante da situação. É bastante desgastante para os pais e isso faz com que eles acabem perdendo a paciência e cedendo no momento errado, além de não manterem a consistência no ensino de comportamentos alternativos mais adequados. Temos sempre que lembrá-los que, aplicando corretamente a intervenção, mais rapidamente colherão os frutos de seu esforço, e quanto mais oscilação, mais demorado é o processo.”
Segundo Bianca, quando as pessoas reforçam comportamentos inadequados, frequentemente para cessar uma situação rapidamente, acabam ensinando e fortalecendo esse tipo de atitude. “E quanto mais comportamentos inadequados a pessoa com TEA apresenta, mais difícil se torna sua inserção em grupos sociais, mais difícil ensinar novas habilidades, ou seja, prejudica imensamente o seu processo de desenvolvimento.”
Situações como esta acabam reforçando esses comportamentos e por isso, a psicóloga ressalta que é importante identificar a função para se ensinar um comportamento alternativo adequado que supra a necessidade da criança de maneira mais efetiva.
Modificar comportamentos inadequados pode representar um desafio para pais e cuidadores de pessoas com TEA, pois requer conhecimento, paciência e compreensão, mas, reforçando os comportamentos positivos e diminuindo os negativos, é possível. “Por exemplo, se a criança chora com a função de pedir por itens de interesse, podemos ensiná-la a apontar para o que ela quer, entregando sempre que ela apresentar o comportamento alternativo adequado”, conclui.
Sobre Bianca Balbueno
A psicóloga Bianca Balbueno é Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e especialista em Terapia Comportamental e em Neuropsicologia. Tem experiência em Intervenção Comportamental aplicada ao TEA e suas comorbidades: DI (Deficiência Intelectual), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), Ansiedade, Dificuldade de Aprendizagem e Problemas de Comportamento.
O tema da palestra de Bianca no CONOTEA será “Como manejar comportamentos inadequados no TEA”.