Desde a última sexta-feira (22/6) o Paraguai vem sendo comentado nos noticiários, tomando o lugar da cúpula do Rio+20, com o impeachment de Fernando Lugo à presidência. Foi alegado pelo senado paraguaio o argumento de não-cumprimento das funções administrativas de Lugo, reconhecido constitucionalmente. Mais do que a troca de governantes foi comentado as reações de presidentes vizinhos. Qual o motivo de tanto temor sobre a ação em um dos países latino-americanos mais ‘abandonados’ ?
Fernando Lugo foi eleito democraticamente em 2008, para delírio da ala esquerda continental, como Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Lula, prometendo medidas duras e revolucionárias em prol da população esperançosa por mudanças, depois de décadas frustradas com o Partido Colorado. Impostos maiores sobre as oligarquias, reforma agrária, embargar imposições dos EUA…a ponto do cineasta Oliver Stone, devoto de Fidel Castro, vir gravar o famigerado e colorido “Ao Sul da Fronteira”, no qual Nestor Kirchner engrandece a esposa Cristina no poder argentino.
Mas tamanha lua-de-mel durou pouco, e não demorou para o ex-bispo entrar em apuros, a começar pela vida pessoal. Lugo assumiu a paternidade de dois filhos e, até o momento, há outras duas mulheres que confirmam terem herdeiros seus, o que lhe valeu o apelido de ‘El Conejo’ (O coelho). Depois, persuadiu o governo brasileiro a pagar mais pela cota de energia paraguaia de Itaipu, usina hidrelétrica binacional, triplicando o valor anual de U$$100mi para U$$300mi.
Talvez o que tenha culminado em sua destituição foi a indiferença perante os problemas agrários, que envolvem inclusive brasileiros, os ‘brasiguaios’, sendo um velho problema que nunca se resolve nas América Latina. Acusado de liberar o confronto entre policiais e sem-terra no dia 15 último, no qual 17 pessoas foram mortas, Lugo se defende dizendo que não teve chance de se defender.
A Unasul já descartou a participação do Paraguai na próxima reunião, o mesmo fez o Mercosul, ou seja, graças a uma ‘tragédia’ tais reuniões ganharam destaque na mídia. Enquanto Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina condenaram a ação política (Chávez já suspendeu o abastecimento petrolífero), rotulada como Golpe de Estado, Dilma & Cia ainda estuda sanções e (como) dialogar com o novo governante Federico Franco, empossado até abril do ano que vem. Coincidência no impeachment paraguaio também ter saído um Fernando e entrado um Franco?
Lugo, ainda que contrariado, disse que aceita o decreto institucional, votado por esmagadores 39 a 4, porém diz que pretende não se distanciar do poder por meio da fiscalização dos atos de Franco, contando com a ajuda de seus ex-ministros, tudo indica que seu objetivo é montar um poder paralelo. O grupo político do continente, que se diz sólido, de forma direta ou indireta, terá que atuar, evitando o resumo da famosa piada do Paraguai: Para quê?
[author] [author_image timthumb=’on’]http://www.guairanews.com/wp-content/uploads/2012/04/gabrielogata.jpg[/author_image] [author_info]Gabriel Carlos Ogata Nogueira é graduado em História pela Unimep (2008), pós-graduado em História do Brasil e da América no Cenário Geopolítico Contemporâneo pela Unifran (2011) e formando em Geografia pela Unifran (2012). Professor nas escolas Centro Educacional Ana Lelis Santana e Escola de Educação Básica e Educação Profissional Irum Curumim.[/author_info] [/author]