Nesse setor, uma pauta cada vez mais relevante é a economia circular, prática absolutamente necessária para que nossa sociedade consiga lidar com recursos naturais finitos e ecossistemas que precisam ser protegidos, que tem como objetivo a circulação de materiais não orgânicos somente dentro das cadeias produtivas. Na direção certa, entre as práticas mais comuns no Brasil, podemos citar a logística reversa e coletas seletivas, fundamentais para que aconteça a reciclagem.
Por fim, mas não menos importante, princípios da economia circular também ganharam uma grande relevância durante a pandemia da Covid-19, por exemplo com a venda de peças usadas. Essa perspectiva pode ser enquadrada como uma ação de consumo inteligente, além de promover geração de emprego e renda.
O tema é tão relevante que compõe um dos quatro temas de maior interesse indicados por líderes da Cadeia Nacional de Abastecimento em evento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Além disso, este é um novo paradigma de consumo, por várias razões.
Estamos em uma nova era com novas demandas, onde os consumidores, mais engajados do ponto de vista social e do cuidado ambiental, demandam processos mais limpos, fontes renováveis de energia e práticas alinhadas aos fatores ESG (Environmental, Social and Governance).
Outro ponto relacionado é que, cada vez mais, o consumidor é também vendedor. E esta possibilidade de colocar à venda aquilo que não se quer mais foi potencializada com a digitalização, onde hoje os consumidores vendedores têm uma série de aplicativos e sites para poder comercializar seus produtos e movimentar a economia.
Embora a economia circular precise de melhorias de infraestrutura e atualização tributária para estimular ainda mais o uso consciente dos recursos naturais, ela gera oportunidades que valorizam as boas práticas e os diferenciais das empresas. Uma matriz energética limpa e renovável beneficia as organizações em um mercado que quer sustentabilidade. Aproveitar oportunidades relacionadas à economia circular é estratégico pois desenvolve novos elos na cadeia produtiva, gera negócios e empregos.
A economia circular baseada em princípios ESG integra economia, tecnologia, digitalização, personalização e escala. São negociações mais sustentáveis, com produtos mais acessíveis e que – pouco a pouco – aliviam os ecossistemas da pressão dos resíduos e emissões.
Fernando Gambôa é sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.
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