São Paulo, 05 de novembro de 2020 – Um estudo publicado, recentemente, no periódico Neuropsychiatrie, comprovou que os distúrbios do sono aumentam em 52% o risco de desenvolver dor lombar crônica. Os prejuízos da má qualidade do sono para a saúde são bem conhecidos.
A novidade é que essa meta-análise foi focada na relação da má qualidade do sono com a dor lombar crônica. Os pesquisadores cruzaram dados de 21 estudos para determinar os efeitos da insônia na dor lombar.
Culpa pode ser da dopamina
Para o grupo envolvido na pesquisa, uma das hipóteses é que a insônia e a dor lombar podem ser causadas por um terceiro fator: uma anormalidade na produção da dopamina. Embora a dopamina seja um neurotransmissor essencial para as emoções, aprendizado, humor, atenção, prazer e sistema motor, um estudo realizado pela Universidade do Texas mostrou que a dopamina pode ser responsável pela manutenção da dor crônica.
Resumidamente, as células nervosas de quem ter dor crônica enviam para o cérebro, de forma contínua, sinais de dor mesmo na ausência de qualquer lesão. Os altos níveis de dopamina também podem prejudicar o sono porque trata-se de um neurotransmissor estimulante.
Opinião da especialista
Para Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista em Pilates e RPG, os achados apontam que as dores crônicas são multifatoriais. “Quando um paciente chega com uma queixa de dor na coluna, sem outra causa como uma fratura ou hérnia de disco, por exemplo, é preciso analisar todo o estilo de vida e os hábitos dessa pessoa, incluindo a qualidade do sono, nível de atividade física etc.”.
“Além disso, é importante entender se há comorbidades, principalmente transtornos mentais, como a depressão. O risco de desenvolver dor lombar crônica em pessoas com diagnóstico de depressão é de 59%, segundo essa meta-análise. Portanto, uma dor crônica pode ser resultado da soma de vários problemas de saúde, incluindo distúrbios do sono”, comenta Walkíria.
Mulheres são mais afetadas
Outro achado desse estudo foi que a dor lombar crônica é mais prevalente nas mulheres, nas pessoas com menor nível de atividade física e naquelas que dormem menos de sete horas por dia.
Pilates pode melhorar sono, dor e depressão
Os benefícios do Pilates são bem conhecidos. Ao longo dos anos, estudos foram feitos para avaliar os efeitos do Pilates na saúde de uma forma mais ampla. Uma dessas pesquisas apontou que o método é eficaz para controlar a dor crônica.
Outra meta-análise mostrou que o Pilates pode reduzir em até 80% os sintomas depressivos. Por fim, um estudo comprovou que a prática ajuda a melhorar a qualidade do sono e sua duração em pessoas de meia idade, fase em que a insônia costuma ser mais intensa.
“A dor crônica demanda um tratamento multidisciplinar. O paciente precisa adotar hábitos saudáveis e isso inclui praticar alguma atividade física. Porém, como a dor pode ser uma barreira para certos esportes, o Pilates Studio, aquele feito em aparelhos, pode ser uma ótima opção, pois praticamente não possui contraindicações”, finaliza Walkíria.