Constatou-se que 80% dos jovens brasileiros não se interessam por política. Logo de início, o primeiro fator que resulta nessa alta porcentagem é a acomodação junto à apatia, características fortes nessa geração do século XXI. Há também falta de informação e desestimulo por parte dos orientadores, além do descaso com compromissos e altas canalhices dos políticos nacionais. Com tanto escândalo presente e julgamento dos ‘antigos’ acontecendo na capital federal, é cada vez mais impossível ter esperanças.
A última insurgência efetiva contra a bandidagem política já passou da maioridade (o Impeachment de Collor em 1992), ou seja, boa parte dos jovens de hoje não têm a mínima noção do que é ou como é peitar as autoridades escolhidas nas urnas. Por viverem em uma época de relativa paz, em um país com uma democracia vigente há mais de um quarto de século, a juventude brasílica prefere pesquisar sobre a última fofoca de celebridade do que CPIs, (o porquê das) quedas de ministros e deputados e os perigosos juros. Foi-se a época de Diretas Já e Caras-Pintadas.
Não se discute sobre política nas escolas, pior ainda quando há a necessidade de adequar o tema aos níveis de ensino. Empecilhos sempre aparecem aos docentes como o receio de bancar o tendencioso, junto à interpretação equivocada dos alunos, o que pode resultar em repercussão de uma possível afronta (des)organizada dos mesmos. Os próprios pais preferem aderir ao lema francês ‘deixai fazer, deixai passar’, alguns por acharem que a causa é perdida (favorecendo de forma direta ou indireta às famosas pizzas), outros por temerem devassas, processos e ameaças algumas vezes com investidas, como nos anos de chumbo, contra sua prole revolucionária.
Se falta cultura política aos jovens alienados, sobra sem-vergonhice e impunidade aos eleitos. Para aqueles que zelam por um partido o acordo é regra: renúncia ‘temporária’ para escapar de uma cassação, suborno contra o lado mais fraco da corda, singelos pedido de desculpas acompanhado de lágrimas e arrependimento dignos de indicações ao Oscar, sem falar nas contradições em depoimentos. E após tudo isso é só aguardar uma temporada no limbo para voltar a ativa. É lógico que jovem que não aprende, não tem como argumentar sujeiras passadas, os antigos filósofos gregos já diziam: quem não tem conhecimento ficará sujeito àquele que o tenha, ainda que ele seja inferior. E dessa forma a canalhice prosseguirá, endossada de falsas promessas e hipocrisia, forte, onipresente e convincente, infelizmente.
Em mídias, como a internet e a TV, nota-se uma certa facilidade em escrachar (ou esculachar) a figura do político ao invés de debater e/ou cobrar esclarecimentos, fazendo com que ele seja o palhaço no circo com o público (o povo) rindo a beça, ou também o mágico, com ilusões para sumir o dinheiro público e surgir cabides de emprego. A ausência de lideranças, para tomar as rédeas rumo ao questionamento, prolonga a duração do espetáculo, sem hora para terminar. A questão da manipulação pelas meios de comunicação também pesam: houve mais barulho do que festa no aniversário de Brasília esse ano, entretanto passou muito discreto para informação aos cidadãos.
[author] [author_image timthumb=’on’]http://www.guairanews.com/wp-content/uploads/2012/04/gabrielogata.jpg[/author_image] [author_info]Gabriel Carlos Ogata Nogueira é graduado em História pela Unimep (2008), pós-graduado em História do Brasil e da América no Cenário Geopolítico Contemporâneo pela Unifran (2011) e formando em Geografia pela Unifran (2012). Professor nas escolas Centro Educacional Ana Lelis Santana e Escola de Educação Básica e Educação Profissional Irum Curumim.[/author_info] [/author]