São Paulo, 26 de agosto de 2020 – Um estudo recente, publicado no European Journal of Sport Science, apontou que um programa de Pilates foi capaz de melhorar o equilíbrio e a estabilidade postural em idosas. Como resultado, o medo de sofrer quedas diminuiu nessa população. “Esse achado é muito importante, pois as quedas são um dos principais motivos de internações hospitalares entre os idosos”, diz Walkíria Brunetti,
fisioterapeuta especialista em Pilates.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem algum episódio de queda a cada ano, e esta proporção se eleva para valores que oscilam de 32% a 42% para os idosos com mais de 70 anos.
Causas são múltiplas
As quedas podem ocorrer por diversos fatores. Entre os mais importantes estão as alterações da marcha, mudanças nos mecanismos responsáveis pela postura e a perda considerável da força muscular.
“Com a idade, os tropeços, por exemplo, se tornam mais frequentes. As fraturas também são comuns, pois há maior fragilidade óssea devido à osteoporose e à perda da massa muscular”, explica Walkíria.
Dentro de casa
Aliado aos mecanismos fisiológicos do processo natural do envelhecimento, estão os fatores de risco relacionados ao ambiente.
“A maior parte das quedas ocorre dentro de casa. Tapetes, pisos escorregadios, falta de apoios nas escadas e chuveiros, falta de iluminação, armários muito altos etc. As ruas e estabelecimentos comerciais também apresentam riscos, como buracos, pisos molhados, degraus pouco sinalizados, entre outros”, reforça a fisioterapeuta.
Pandemia se tornou fator de risco
Por se tratar de um grupo de risco para contrair o coronavírus, a maioria dos idosos está em casa desde meados de março. A falta de atividade física, como uma caminhada até a farmácia ou padaria, pode acelerar a perda muscular, chamada de sarcopenia.
Outro ponto é que a falta de sol impacta muito nos níveis de vitamina D, essencial para a saúde óssea.
E esses dois fatores podem explicar um aparente aumento das quedas e fraturas nos idosos durante a quarentena.
Casos da vida real
No final de fevereiro, o aposentado Mário da Penha, 84 anos, fazia compras em um mercado. Por um desequilíbrio pequeno, caiu e fraturou o fêmur.
“Fui pegar um produto na prateleira e quando me virei o carrinho estava um pouco para frente. Como eu já tenho um problema no joelho, perdi o equilíbrio e caí. Precisei de cirurgia e foram quatro meses acamado”, conta o aposentado.
Seu Mário, como gosta de ser chamado, ficou assustado com o que veio a seguir. “Logo depois que eu me acidentei, a sogra da minha filha também caiu e quebrou o fêmur. Em agosto, foi a vez da minha irmã e da mãe de uma conhecida da minha família”, relata.
Walkíria confirma a percepção de um aumento das quedas desde março. “Esses acidentes são muitos comuns. No último mês recebi três pacientes, todas mulheres e idosas, que caíram dentro de casa. Uma delas fraturou a coluna. Sem dúvida, passar a maior parte do tempo em casa pode ter contribuído para esse tipo de condição nos idosos”, reforça.
Idosos: Já para o Pilates!
Esse não é o primeiro estudo que comprova a eficácia do Pilates na prevenção de quedas e melhora do equilíbrio na população idosa.
“O Pilates é muito bom, pois diferentemente da musculação, trabalha nos três planos de movimento do corpo humano. Normalmente, a musculação trabalha um plano de cada vez. Nossas reações de equilíbrio e de endireitamento são baseadas nos três planos de movimento, sendo esse um enorme benefício do método”, cita Walkíria.
Outra vantagem, nesse momento da pandemia, é que o Pilates Studio, aquele feito em aparelhos, pode ser realizado de forma individual, sem contato físico entre a fisioterapeuta e o paciente.
Lembrando que o estudo apontou que a eficácia do método para os objetivos propostos depende de um programa de 12 semanas ou mais de sessões de Pilates.