São Paulo, agosto de 2020 – Desde o início da pandemia do novo coronavírus, médicos de todo o País destacaram a importância dos cuidados que deveriam ser tomados com as pessoas idosas, pois se infectados estariam mais propensos a se tornarem vítimas fatais.
Porém, em meio a pandemia da Covid-19, pouco se fala sobre os cuidados que devem ser tomados com as pessoas com deficiência na fase idosa. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 22% da população (45 milhões) têm algum tipo de deficiência e as patologias associadas a certos tipos de deficiência também colocam esse público no grupo de pessoas que exige que os cuidados sejam redobrados.
Pessoas com deficiência em condições genéticas ou neurológicas, que tomam remédios específicos, têm restrições respiratórias ou dificuldades profundas de comunicação e precisam ser monitoradas com atenção redobrada.
Além disso, aqueles que cuidam de pessoas com deficiências severas, físicas ou intelectuais, também precisam ficar alertas e fortalecer as medidas de prevenção.
A Apabex – Associação de Pais Banespianos de Excepcionais, uma instituição que promove atendimento especializado a pessoas com deficiência intelectual, vem tomando todos os cuidados desde o início da pandemia.
A entidade atende hoje, em seus espaços na capital paulista e em Vinhedo, interior de São Paulo, mais de 70 pessoas, entre 24 e 83 anos. Ou seja, muitos dos atendidos são idosos, com patologias associadas e comorbidades adquiridas, como cardiopatia, diabetes, hipertensão, portanto, inseridos, no grupo de risco.
Na moradia assistida em Vinhedo, os cuidados foram redobrados e todas as atividades realizadas em conjunto nos espaços de lazer foram suspensas.
No início de abril todos os residentes receberam a imunização contra influenza dentro da própria instituição e com todos os cuidados realizados pela equipe da vigilância sanitária de Vinhedo e os funcionários também foram orientados e receberam a imunização.
Além desses cuidados, confira as demais medidas da instituição:
• Os funcionários que dependem de transporte público estão sendo buscados em suas residências evitando a exposição na utilização por meio de transporte público;
• Uso obrigatório de máscaras de todos os funcionários e fornecedores e verificação de temperatura dos residentes, funcionários e prestadores de serviço;
• Foram disponibilizados tapetes e preparo com água sanitária para a higienização dos calçados na entrada de todos os setores;
• Qualquer alteração de comportamento/sintoma apresentados pelos residentes é imediatamente informada ao médico responsável pela instituição para orientação e conduta;
• As visitas dos familiares continuam suspensas, pois a maioria dos responsáveis também estão no grupo de riscos. Mas, para não mantê-los longe de seus familiares os recursos tecnológicos estão sendo realizados, como ligação, chamadas de vídeo, recebimento e envio de vídeos, áudios;
• Os pacientes com distúrbios psiquiátricos continuam recebendo acompanhamento com médico psiquiatra e serviço de psicologia, para ajustes de medicações e mediações de alterações de comportamento;
• Os residentes com doenças crônicas (diabetes, cardíacos) continuam realizando exames e acompanhamento com especialistas de acordo com a necessidade e encaminhamento do médico responsável pela instituição que os atende semanalmente;
• Com relação aos cuidados nutricionais, rotineiramente os residentes realizam avaliação física, para diagnóstico de obesidade ou desnutrição, além da realização de exames bioquímicos realizados, para avaliação de vitaminas, minerais, proteínas, hemograma, metabolismo de glicose, hepático, renal, tireoide, lipídeos, hormônios, marcadores de inflamação e enzimas. Com base nesses dados as dietas são prescritas e modificadas para manutenção da saúde dos residentes.
“Com certeza a pandemia impactou a vida de todos, a falta da rotina habitual de atividades, assim como a falta de abraços, apertos de mão, as restrições de saídas e passeios geraram muita ansiedade. Mas, este controle que estamos tendo é para minimizar os impactos dentro da Instituição. Na Apabex sempre trabalhamos com a prevenção das doenças e no início do ano todos os residentes haviam realizado exames de rotina, fato que nos deixou mais tranquilos, pois quando iniciou a pandemia, tínhamos exames de imagem e laboratoriais recentes dos residentes, e as alterações já estavam sendo tratadas e acompanhadas pelo médico responsável da instituição”, explica Vanessa Brustolin, coordenadora técnica da Apabex Vinhedo.
Já na unidade da Apabex São Paulo, por não se tratar de moradia, tiveram suas atividades presenciais suspensas. Porém, a instituição não deixou de atender os seus assistidos.
“A Apabex desde o início da pandemia disponibilizou conteúdos de orientação às famílias com dicas dos profissionais de nossa equipe técnica nas áreas de psicologia, musicoterapia, educação física, por meio de vídeos postados em nossas redes sociais, além de suportes por meio de contatos telefônicos com todos os profissionais da equipe. Realizamos atendimentos individuais ou em grupo com as famílias e seu dependente, específicos em sua área de atuação, com videoaulas, videochamadas, ligações telefônicas, reuniões semanais via Zoom com toda a equipe e familiares que se interessam em participar”, conta Luiza Resca, coordenadora técnica da Apabex São Paulo.
Todas as famílias foram orientadas a fazer com que seu dependente continue dentro do possível, e com os cuidados necessários, a fazer uma atividade física, tomar um pouco de sol, controlar a alimentação, ter práticas de higiene supervisionada e redobrada e participar de tarefas de casa de acordo com suas possibilidades, visando sempre manter uma rotina de maior autonomia e com qualidade de vida neste cenário de pandemia.
Luiza também explica que: “Como o momento foi de reinvenção para toda a população, as famílias que atendemos também tiveram que buscar alternativas para essa nova rotina de isolamento social. Acredito que o maior desafio é lidar com o entendimento que a pessoa com deficiência intelectual tem de fato sobre o que está acontecendo. Nem todos possuem oralidade para expressar seus sentimentos e os que tem, verbalizam muito a saudade e vontade de voltar à Apabex para rever amigos e profissionais”.
Sobre a Apabex
A Apabex – Associação de Pais Banespianos de Excepcionais é uma organização sem fins lucrativos criada em 1985 por funcionários do Banespa, com apoio do Serviço Social do banco, para promover atendimento especializado a pessoas com deficiência. Com duas unidades, uma na Vila Mariana, capital, e outra em Vinhedo, interior de São Paulo, é especializada no atendimento de pessoas com deficiência intelectual adulta e idosa, dispondo de uma equipe multidisciplinar nas áreas de psicologia, fonoaudiologia, geriatria, terapia ocupacional, fisioterapia, pedagogia, serviço social, educação física, música e nutrição para integrar diagnósticos e processos terapêuticos. Promove o apoio e o acompanhamento de familiares orientando e estimulando a troca de informação, visando garantir a qualidade de vida da pessoa com deficiência.