Neste momento de aulas on-line por conta do isolamento social, o público infantil é um dos que mais sofre com toda essa transformação na Educação causada pela pandemia que o país enfrenta. Crianças da Educação Infantil estão tendo que lidar com a mudança brusca em sua rotina escolar, enfrentando a distância dos amigos e das professoras, e uma nova forma de aprendizado.
Somado a isso, por conta da segurança de sua saúde, essas crianças estão confinadas em casa, sem as opções de diversão ao ar livre que tinham antes, e por tudo isso, neste período, escola e pais precisam entender que o foco é não estressar ainda mais essa criança, diz a pedagoga e coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio, Carollini Graciani, citando especificamente o público da Educação Infantil de 4 a 5 anos de idade, crianças que pela Constituição Federal são obrigadas a estarem matriculadas em uma escola.
Ela explica que crianças nesta faixa etária tem o tempo de atenção reduzida, de 15 a 20 minutos apenas, e este é o tempo que elas conseguem se dedicar com atenção a algum aprendizado. Se as aulas ultrapassarem esse tempo, segundo Carollini, a criança irá perder o foco.
Outro ponto importante relacionado ao tempo dedicado ao aprendizado infantil on-line é a questão de exposição a telas, que pode trazer danos aos pequenos. Segundo a pedagoga, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças nesta idade fiquem no máximo uma hora por dia expostas a estas telas (celular, computador, tv), e afirma que o excesso pode causar distúrbios visuais futuros.
– Então é preciso estar atento a tudo isso, e se a escola estiver passando deste limite diário de aula on-line, é interessante que os pais conversem com a instituição, sugere Carollini.
Para os professores da Educação Infantil, a pedagoga reforça a questão da criatividade e da utilização de atividades lúdicas no aprendizado remoto, como jogos e experiências, além de outras ferramentas importantes para esta idade, como música, contação de histórias com cenário montado e a caracterização de personagens, e evitar atividades em folhas e apostilas todos os dias, para não estressar as crianças.
Aula gravada x aula ao vivo
As escolas estão usando métodos diferentes nas aulas remotas: as gravadas e as que acontecem em tempo real por meio de aplicativos de reunião on-line. Para Carollini, na Educação Infantil é interessante que se use os dois formatos.
– As aulas gravadas são fundamentais no sentido da atenção, pois os responsáveis podem mostrar o vídeo à criança quando ela se sentir mais disposta e atenta, e assim renderá melhor. Com isso, acredito que a atividade em si deva ser gravada. Já as aulas ao vivo são importantes por uma questão de socialização, pois esse método mantém a interação da criança com seus coleguinhas e professores. Por isso acredito que para crianças entre 4 e 5 anos de idade seja ideal alternar essas duas formas de educação on-line.
Orientação da escola e supervisão dos pais
Os pais e responsáveis são peças fundamentais neste novo processo de aprendizagem para estas crianças, mas segundo Carollini é importante que a escola dê orientações.
– A escola precisa explicar para estes pais que crianças de 4 e 5 anos de idade não têm autonomia suficiente para realizarem as atividades sozinhas, elas precisam de supervisão. É dever da escola orientar os responsáveis como proceder em cada atividade e dizer o que se espera dela, diz Carollini.
A importância da rotina e da diversão
A coordenadora da Estácio destaca ainda que nesta idade é natural que a criança seja ansiosa e para combater isso é importante que elas comecem a experimentar uma rotina, e que nela tenha muita diversão.
– Os pais podem escrever numa cartolina tudo o que a criança vai fazer naquele dia e mostrar a ela, desde a atividade da escola, até o momento do brincar, da leitura, de ouvir música, de ajudar na cozinha. Na Educação Infantil não se aprende apenas em folha de atividade, pelo contrário, o mais importante é o aprendizado com a vivência do cotidiano, então vale a pena os pais investirem em tempo de qualidade com os pequenos, estimulando o hábito da leitura, ensinando suas brincadeiras de infância, deixando a criança ligar para avós, tias e amigos para estimular sua oralidade, e brincar bastante de desenhar, pintar, recortar, colar e correr, diz Carollini.