As grandes mudanças na rotina e incertezas sobre o futuro, aliadas ao distanciamento social, que diminuiu as oportunidades de momentos de lazer, fizeram com que quadros de angústia e desequilíbrio emocional aparecessem com mais freqüência.
Um dos reflexos do impacto da pandemia na saúde mental é o registro de aumento nas buscas por ferramentas digitais que ofereçam terapia online, como Telavita, Vittude e Zenklub, que tiveram altas de, pelo menos, dois dígitos desde o começo das medidas contra o coronavírus.
Atualmente, existe uma grande variedade de startups no mercado que oferecem esse tipo de atendimento por meios digitais. Nelas, é possível encontrar profissionais que acabaram de se formar na faculdade de psicologia, como também aqueles que têm mais tempo de experiência e diferentes especializações. Assim como o perfil dos psicólogos varia, os preços da consulta também, ficando a critério do paciente a escolha.
Segundo Milene Rosenthal, criadora da Telavita, plataforma de psicoterapia online criada em 2017, o número de sessões realizadas nas últimas semanas cresceu 80%. E as projeções de aumento são ainda maiores, já que a regulamentação do atendimento online, feita em 2018 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), apresentava restrições que agora não existem mais: desde maio deste ano, é permitido realizar também atendimento online para casos graves. A medida visa permitir que pacientes não fiquem sem atendimento durante a pandemia.
“Entre os motivos que fazem as pessoas procurar nossos serviços, tivemos aumento de 70% no quesito ansiedade, 75% em conflitos amorosos e 23% em pânico”, conta Rui Brandão, fundador da Zenklub, em entrevista ao Estadão. Brandão diz que o interesse das pessoas no tratamento online é efetivo, já que não só o número de acessos cresceu, mas a quantidade de pessoas que decidiram se tornar clientes também cresceu – nesse caso, 85%.
A empresa Vittude, que segue o mesmo ramo, por sua vez, relata um aumento significativo nos testes para detectar ansiedade. Taiana Pimenta, fundadora do site que foi ao ar em 2016, conta também ao Estadão que grande parte dos pacientes vêm alegando que a causa de se sentirem mal é a nova maneira de trabalho adotada durante a quarentena: “Tenho clientes que dizem estar em ‘prisão office’ por não ter nem estrutura para trabalhar”, afirma ela.
Com consultórios fechados, essas plataformas também são mais procuradas por psicólogos nesse momento. Apenas em um mês, de fevereiro a março, o número de profissionais cadastrados na Vittude saltou de 4 mil para 5 mil. A startup também conecta pacientes com consultórios físicos e viu o contrário ocorrer com essa ferramenta: antes da crise, entre 15% e 25% de suas consultas eram presenciais; agora, 100% acontecem no mundo digital.