São Paulo, 28 de novembro de 2019. Quando você pensa em uma cidade do futuro, o que vem em sua mente? Certamente, a criação de novos empregos e a redução de emissões poluentes são algumas das preocupações que deveriam surgir em meio a esse pensamento.
Em até 20 anos, pelo menos 21 profissões irão desaparecer por conta do avanço da tecnologia. A previsão do americano John Pugliano, autor de The Robots are Coming: A Human’s Survival Guide to Profiting in the Age of Automation (“Os robôs estão vindo: Um guia de sobrevivência humana para lucrar na era da automatização”) é de que qualquer trabalho que seja rotineiro será substituído por um algoritmo matemático dentro de cinco ou dez anos.
Enquanto isso não acontece, muitas dessas mesmas atividades que hoje geram riqueza para as cidades, também são responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa. O setor de transportes, por exemplo, é o segundo maior poluente global, de acordo com informações do Observatório do Clima. Na sequência, aparecem a indústria, a produção de energia e a fabricação de combustíveis.
Neste sentido, promover uma transformação nas cidades significa também definir os rumos do próprio planeta. O tema foi abordado por Maurício Garcia, cientista digital, durante a última reunião conjunta de 2019 entre o Conselho de Política Urbana (CPU), o Núcleo de Estudos Socioambientais (NESA) e o Núcleo de Estudos Urbanos (NEU), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na última terça-feira (26/11), na sede da entidade.
Na opinião de Garcia, toda a excitação acerca da Inteligência Artificial, nos últimos anos, parece ter mesmo fundamento. Um mapeamento realizado pela WGSN, agência global de previsão de tendências, aponta que num futuro próximo cada família poderá ter mais de 500 dispositivos domésticos conectados à Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês). Atualmente, 300 mil residências brasileiras têm alguma automação. Mas ainda há potencial para que esse número alcance dois milhões de lares, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside).
Neste contexto, durante a sua apresentação, o cientista digital apontou que dentre os serviços que a Inteligência Artificial oferece, no Brasil, a aplicação mais comum se direciona para os sistemas de iluminação.
Outro item destacado pelo cientista digital é a forma como os chineses têm lidado com a questão da mobilidade. Segundo Garcia, os fabricantes asiáticos estão em outro patamar por oferecer modelos elétricos com a mesma qualidade da concorrência tradicional ou até superior a valores bem mais baixos.
O mesmo ocorre com a maneira como o mundo se relaciona com o dinheiro e os sistemas de pagamento. O especialista cita o WeChat Pay, um superaplicativo chinês, que já superou o uso de cartões de crédito atingindo mais de 90% dos consumidores chineses e ampliando os serviços oferecidos. Seu leque de atividades permite aos usuários realizar diversas ações, como, por exemplo, pagamentos compartilhados, uso de criptomoedas, leitura de QR code, compra de produtos e contratação de serviços. Todos esses usos refletem diretamente no dia a dia da população e constroem o que chamamos de nova economia.
Embora a robótica já entenda muitos comportamentos sociais do cotidiano, Garcia defende a ideia de que existem situações em que a tecnologia não conseguirá interferir de maneira direta, como, no sistema educacional.
“Essas novidades tecnológicas irão coexistir e se relacionar com os humanos dentro de um mesmo espaço. Mas nada substitui, por exemplo, a figura de um professor e sua capacidade de entender cada indivíduo de forma particular”, diz Garcia.
Alfredo Cotait, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), e Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da ACSP, exaltaram a participação ativa da entidade nessas discussões por meio do CPU.
“A atuação do nosso Conselho (CPU) tem sido uma importante representação do nosso empresariado junto aos órgãos públicos a fim de melhorar a vida e o dia a dia da população. Lutamos por causas essenciais para o desenvolvimento da cidade”, diz Cotait.