“O atraso em algumas funções motoras básicas características dos primeiros anos de vida demandam investigação. Por exemplo, até os nove meses de idade, a criança deve ter a capacidade de se sentar sem apoio. Se o bebê não alcança esse marco, é um sinal de atenção”, explica Adriana Banzzatto, neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, no Paraná.
A cada fase de crescimento, outros marcos também chamam atenção. Além dos citados pela Dra. Banzzatto, dos 0 aos 6 meses, a criança com o desenvolvimento considerado normal também é capaz de sustentar a cabeça, se impulsionar para cima quando está de bruços; pressionar as pernas para baixo quando os pés estão sobre uma superfície rígida; bem como segurar um brinquedo e balançar em movimentos suspensos[3] .
Os sinais de AME nessa fase podem estar presentes, fazendo com que a criança possa não ter controle da cabeça, sente somente com apoio, apresenta a postura “de rã” ao ser colocada deitada com a barriga para cima; e ter dificuldade para segurar coisas[5], devido ao tônus muscular diminuído.
Dos sete aos 18 meses de idade, outros marcos motores devem ser observados. “Nessa fase, a criança com o desenvolvimento considerado normal fica em pé apoiando-se em algo ou até mesmo sozinha. Também é capaz de sentar-se sem apoio, engatinhar, dar impulso para ficar de pé, andar apoiando nos móveis e pode dar alguns passos sem apoio”, complementa a especialista.
Os pais devem começar a ficar atentos se a criança, nessa idade, por exemplo, senta de forma independente, mas não anda; mostra fraqueza muscular que impede as tentativas de ficar em pé; apresenta problemas na coluna, como escoliose (curvatura anormal da coluna vertebral), e de deglutição, tosse ou respiração[3] .
Depois dos 18 meses, os sinais da criança com o desenvolvimento alterado pela AME ficam relativamente mais fáceis de serem percebidos. Nessa faixa etária, ela consegue andar, mas vai perdendo essa habilidade, os membros inferiores mostram desenvolvimento motor geralmente menor que os superiores, há dificuldade de deglutição e atrofia muscular, que impede a movimentação.
“É importante estar atento aos sinais, se a criança está cumprindo todas as etapas dos marcos motores no período esperado. Caso não esteja, a recomendação é procurar por um especialista, como o neuropediatra, que poderá fazer a investigação adequada. Em caso de AME, a identificação precoce permite intervenção mais eficiente, que pode alterar o curso natural da doença e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente”, conclui a Dra. Banzzatto.
Saiba mais sobre a atrofia muscular espinhal: No Brasil, ainda não há um estudo epidemiológico que indique o número exato de indivíduos afetados pela doença. A doença é classificada clinicamente em tipos (que vão do tipo 0 ao 4), com base no início dos sinais e sintomas e nos marcos motores atingidos pelos pacientes.
[1] WORLD HEALTH ORGANIZATION. Motor Development Study: Windows of achievement for six gross motor development milestones, 2006. http://www.who.int/
[2] Disponível em http://portal.fiocruz.br/
[3] Disponível em http://www.medicinadosonoam.
[4] Farrar MA, Kiernan MC. The Genetics of Spinal Muscular Atrophy:Progress and Challenges. Neurotherapeutics; 2015; 12:290–302.
[5] Disponível em http://www.togetherinsma.com.