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CONSERVANTES COSMÉTICOS: TODOS OS PARABENOS SÃO “VILÕES”?

São Paulo, 02 de outubro de 2019 – Conservantes são substâncias que conferem proteção aos produtos industrializados contra o crescimento de fungos e bactérias. São utilizados em diversos produtos como alimentos, tintas, saneantes e também na indústria de higiene e beleza, em itens como shampoos, condicionadores, maquiagens, entre vários outros. Atualmente, existe uma associação negativa com relação ao uso de conservantes em composições cosméticas, principalmente por conta de reações alérgicas e outros problemas de saúde mais graves.

De fato, os conservantes são um dos componentes que mais preocupam os avaliadores de segurança cosmética. No entanto, é sabido que sua utilização é necessária para evitar reações ainda mais problemáticas por conta de contaminações por microrganismos. Dessa forma, pesquisadores vêm estudando alternativas menos agressivas para os consumidores e meio-ambiente. Hoje, sabe-se que é preferível combinar vários conservantes em doses baixas do que utilizar um único componente em doses elevadas. Por isso, muitas vezes observamos em um rótulo vários conservantes listados.

Atualmente, os principais conservantes associados a problemas graves de saúde são os parabenos. No entanto, os parabenos representam uma grande classe de componentes químicos com ação conservante, sendo que cada um deles reage de forma diferente no corpo. Enquanto alguns podem causar danos sérios à saúde, outros não causam mal ao consumidor, desde que usados em doses seguras.

Confira as explicações da Dra. Maria Inês Harris, do Instituto Harris, especializado em segurança cosmética, sobre algumas questões relacionadas aos parabenos:

Parecer científico – “Um documento fundamental para consulta é a Opinião sobre Parabenos do Scientific Committee on Consumer Safety. A última atualização emitida pelo Comitê Europeu garante a segurança do metilparabeno e do etilparabeno, nas concentrações de uso para efeito antimicrobiano. Para o butilparabeno e propilparabeno, já se observa algum tipo de perigo, devendo-se, porém, observar que o propilparabeno, quando usado na concentração máxima permitida nos produtos faciais, é considerado seguro para o consumidor, garantindo simultaneamente adequada preservação da formulação”, afirma a Dra. Harris.

“Síndrome parabenoide” – Atualmente, existe uma aversão desproporcional ao risco dos parabenos. A informação é repetida pela Internet afora sem qualquer precisão sobre os tipos de parabenos, dosagens e riscos. “Por conta da crescente aversão do consumidor a qualquer parabeno, outros conservantes mais perigosos acabaram sendo usados para substituí-los. O período pelo qual passamos atualmente é muito delicado, pois o consumidor foi alertado de forma incompleta. Houve demasiada pressão sobre as indústrias e várias optaram por banir parabenos indistintamente. Isso dificulta demais o desenvolvimento, pois os parabenos são estáveis e pouco reativos com outras matérias-primas. Com o aumento de exposição a outros conservantes, como ao CMIT/MIT (cloromethyl isotiazolinone e isotiazolinone) por exemplo, observou-se um aumento significativo nos índices de indivíduos sensibilizados (alérgicos) a esse ingrediente”.

Parabenos perigosos estão proibidos na Europa – Os parabenos que realmente estão associados a riscos à saúde são os parabenos de cadeia longa, que são proibidos pelo Comitê Científico da União Europeia. São eles: benzilparabeno, pentilparabeno, isopropilparabeno, isobutilparabeno e fenilparabeno. Apesar de a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apresentar o mesmo limite máximo para uso em cosméticos, não há proibições específicas no país para nenhum dos cinco componentes citados acima. Dessa maneira, ainda fica a cargo do consumidor se atentar a essa questão.

A Dra. Harris estuda a relação entre os conservantes e reações adversas desde longa data. Ela expõe uma visão geral sobre os riscos de vários conservantes e a importância do uso cuidadoso dos mesmos em um trabalho apresentado na Alemanha em 2003, assim como em seu livro “Pele – Estrutura, Propriedades e Envelhecimento”.

Alternativas mais perigosas – Entre as alternativas mais perigosas que alguns parabenos, estão CMIT/MIT e DMDM Hidantoína. Tais substitutos apresentam complicações muito mais drásticas que certos parabenos. “Apesar de a DMDM Hidantoína ser autorizada no Brasil em doses bem baixas, não existem estudos de carcinogenicidade que garantam a segurança dessa matéria-prima. DMDM Hidantoína é um liberador de formaldeído (um forte agente cancerígeno) e muitas análises de contaminantes precisam ser feitas para garantir que a indústria não entregue cosméticos com formaldeído para o consumidor. Como são análises caras e trabalhosas, nem sempre essas análises são conduzidas durante os estudos de estabilidade”, comenta a Dra. Harris.

A especialista aponta que é importante distinguir conservantes de antissépticos. Enquanto os conservantes protegem a fórmula, os antissépticos são produtos cuja intenção é eliminar ou reduzir a população microbiana da área tratada. Um exemplo bem perigoso de antisséptico é a Octenidina, também conhecida por Sensidin DO, e que não é recomendada para uso em nenhum produto cosmético. “Trata-se de um antisséptico forte, utilizado em ambientes hospitalares, que elimina as bactérias tanto da flora da nossa pele quanto as do produto de forma muito superior ao necessário. A exposição diária a esse componente, assim como a exposição ambiental ao ser eliminada no banho, além de ser prejudicial por não respeitar a microbiota da pele, pode ocasionar a seleção de cepas resistentes, gerando um problema gravíssimo de resistência bacteriana”, avalia.

Sobre a Dra. Maria Inês Harris – Diretora Executiva do Instituto Harris, a Dra. Maria Inês Harris é Química, com Ph.D. em Química (UNICAMP) e Pós-Doutorado em Toxicologia Celular e Molecular de Radicais Livres (UNICAMP) e em Lesões de Ácidos Nucleicos (CNRS, França) e é certificada no curso “Avaliação da Segurança dos Cosméticos na UE” (Universidade de Bruxelas, Bélgica). Atuou como gerente técnica de Pesquisa Clínica na Alergia Pesquisa Dermatocosmética, gerente de segurança de produtos da Natura e especialista em métodos HPLC (High Performance Liquid Chromatography) na Alcon Laboratórios. Também foi professora do Curso de Especialização em Cosmetologia das Faculdades Oswaldo Cruz (São Paulo) por 19 anos e coordenadora de Pesquisa Institucional da Universidade Bandeirantes (atual Anhanguera) no Brasil. É autora dos livros “Pele – Estrutura, Propriedades e Envelhecimento” e “Pele – do Nascimento à Maturidade”.

Sobre o Instituto Harris – Exclusivamente voltado à avaliação de segurança dos ingredientes e produtos cosméticos – desde seu desenvolvimento até a produção –, assim como à consultoria científica e aos programas de treinamento e capacitação profissional relacionados às Boas Práticas da Fabricação (BPF), o Instituto Harris é referência em serviços de avaliação de riscos. Sua equipe experiente oferece suporte às atividades de criação de ativos e de produtos cosméticos desenvolvidos sob os mais altos critérios de segurança, sem o uso de testes em animais, para empresas nacionais e internacionais. Para mais informações, acesse o siteFBInstagram e Youtube, ou entre em contato pelo tel. (11) 3129-5398 ou e-mail contato@harris.com.br .