Quantas vezes nos deparamos com um desejo imenso de comer aquele doce na TPM? Ou em um dia estressante, a vontade incontrolável por uma comida mais pesada e gordurosa? Sabemos que em determinadas situações, como no caso de dietas restritivas, nosso corpo carece de alguns nutrientes que são essenciais para o organismo e encontrados em diferentes tipos de alimentos. Mas grande parte das pesquisas feitas sobre os desejos alimentares apontam que provavelmente eles ocorrem devido a reações psicológicas.
Essas situações estão ligadas às nossas emoções e a sinais externos capazes de provocar sentimentos, como tristeza, felicidade, preocupação, ansiedade, entre outros. De acordo com Ana Pallottini, consultora em nutrição da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), os nossos sentimentos estão diretamente relacionados com nossas escolhas alimentares. “É importante identificar e saber discernir, para que não se desenvolva um caso de transtorno alimentar. Uma boa dica é respeitar o corpo e as vontades, mas acima de tudo, saber diferenciar o que é fome, apetite e saciedade”, explica.
A fome é a necessidade fisiológica de comer e não está relacionada a alimentos específicos. Já o apetite é muito sensível ao sabor dos alimentos e expressa o desejo de comer algum algo específico. Por fim, a saciedade pode estar relacionada ao momento de parar de comer e seus sinais já aparecem quando pequenas quantidades de nutrientes são absorvidas no organismo.
A parte do corpo humano que controla essa sensação de necessidade de comer algo é o hipotálamo, uma área localizada no cérebro. Quando não sabemos lidar com as nossas emoções e descontamos nossos sentimentos na comida, ocorre o excesso de estímulo do hipotálamo. Essa confusão pode gerar a hiperfagia, também chamada de polifagia, uma grave desordem alimentar caracterizada pela ingestão de alimentos exagerada, ultrapassando o necessário para atender a demanda energética do organismo. “A lesão no hipotálamo pode levar a distúrbios alimentares e obesidade, causar dificuldade de realizar a deglutição de alimentos e deficiência de nutrição grave e prolongada”, alerta a nutricionista.
Para Ana Pallottini, a relação entre o eixo cérebro-intestino é capaz de melhorar as chances de optarmos por alimentos mais saudáveis. Por isso, uma alimentação mais consciente e equilibrada ajuda na tomada de decisão e principalmente no controle sobre nossas emoções. “Nosso intestino é capaz de produzir hormônios que nos trazem felicidade. Para mantê-lo equilibrado e funcionando adequadamente, é fundamental cuidar da saúde de nossa flora intestinal. Além disso, consumir todos os grupos alimentares, possibilita um aporte de nutrientes capazes de suprir todas as carências nutricionais: os carboidratos integrais, por exemplo, oferecem vitaminas, fibras e minerais responsáveis para a saúde de nossas células intestinais”, reforça a especialista.
Desta forma, quando sentirmos desejos por determinados alimentos, estaremos mais conscientes para a tomada de decisão e principalmente para o controle sobre nossas emoções.