Em tempos em que faltam referências de lideranças políticas no Brasil, um prefeito de uma pequena cidade do Espírito Santo não teve medo de levantar a bandeira contra a falta de informações e ações por parte das empresas mineradoras responsáveis pelo acidente ambiental que atingiu a cidade de Mariana (MG). O incidente destruiu o distrito de Bento Rodrigues, e irá refletir em toda a Bacia do Rio Doce e arredores.
A chegada da lama às cidades não tão próximas de Mariana assustou os moradores locais. Enquanto alguns especialistas afirmam que o Rio Doce morreu, o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), tomou uma atitude e decidiu bloquear a estrada de ferro Vitória a Minas, usada pela Vale, acionista da Samarco.
“A Vale e a BHP [acionistas] precisam se mostrar realmente interessadas em resolver o problema. É o maior desastre ambiental da história do Brasil”, afirmou Barros em entrevista coletiva na qual convocou toda a população da região do Vale do Rio Doce para o ato, na noite da última quinta (12). Às 18 horas do mesmo dia, ele cumpriu a promessa e alocou quatro tratores sobre a ferrovia.
“A dimensão é muito maior do que as pessoas pensam. Elementos como manganês, arsênio, alumínio [estão na água]… e isso vai adoecer as pessoas, vai dar câncer nas pessoas daqui para frente”, continuou, antes de exigir explicações por parte da iniciativa privada.
“Quem liberou um empreendimento deste tamanho? Como liberou e porque liberou? Quem operacionalizava as atividades da empresa? Era uma tragédia anunciada e não se tinha nem um plano de prevenção de desastre”, cobrou o prefeito capixaba. “Não tem nem um especialista em grandes catástrofes como essa no Brasil. Ficam muitas interrogações. Já estamos assustados e o impacto será muito maior.”
Perguntado sobre quanto tempo as máquinas ficarão bloqueando a via, ele foi categórico: “A não ser que o presidente da Vale venha se reunir conosco e venha apresentar soluções. Porque dizer que não tem nada com isso e que a culpa é da Samarco já cansou”, retrucou.
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Ambientalistas estimam que a recuperação da região levará décadas – mas o dano ambiental talvez jamais será 100% revertido. “Há muita preocupação porque há peixes morrendo antes de Baixo Guandu. A primeira preocupação é salvaguardar a saúde da população. A situação [falta de água] é preocupante, mas a prefeitura está procurando outros mananciais para garantir o abastecimento e não deixar que coisas piores aconteçam”, encerrou o prefeito.
No fim da quinta (12), alguns jornais locais informavam que a atitude do prefeito era inconstitucional de acordo com a Polícia Militar. No entanto, uma parte significativa da população da região compareceu ao local e apoiou a medida da prefeitura de Baixo Guandu. Abaixo, você vê como foi:
fonte: YAHOO NOTÍCIAS