Medicamento lançado pelo Aché Laboratórios é considerado por especialistas uma novidade para o tratamento da Doença de Alzheimer moderada e grave no Brasil. Trata-se da associação inédita de duas substâncias: a donepezila, um inibidor da acetilcolinesterase, e a memantina, um antagonista de receptor glutamatérgico. A combinação das duas moléculas é recomendada pela Academia Brasileira de Neurologia como tratamento para os estágios moderados e graves da doença.
A Doença de Alzheimer (DA) preocupa a comunidade médica devido ao aumento de novos casos. De acordo com a organizaçãoAlzheimer’s Disease International (ADI), o crescimento da incidência na população com mais de 65 anos praticamente dobra a cada 20 anos. Estima-se que a cada 4 segundos um novo caso de demência seja detectado no mundo – e a previsão é de que, em 2050, haja uma ocorrência a cada segundo. Hoje, cerca de 45 milhões de pessoas são impactadas pela DA no mundo e 1,2 milhão no Brasil.
Segundo Mário Luiz Bochembuzio, diretor médico do Aché, a associação das substâncias proporciona mais benefícios ao paciente. “A donepezila, por ser um inibidor da acetilcolinesterase, reduz potencialmente os sintomas da depressão, ansiedade e apatia, enquanto a memantina pode reduzir os quadros relacionados à agitação, agressividade, irritabilidade, labilidade e psicose, reduzindo também o estresse do cuidador. A associação das moléculas também traz benefícios nas funções cognitivas, como a memória”, avalia.
“Foi um longo caminho de pesquisa e desenvolvimento para atendermos à solicitação de especialistas no tratamento da Doença de Alzheimer. O lançamento demonstra o potencial inovador da companhia, colocando à disposição da comunidade médica uma nova opção para o tratamento da DA”, afirma Bochembuzio.
De acordo com Andreia Frias, gerente de Marketing do Aché, outra vantagem é a maior comodidade no uso: “O paciente poderá tomar apenas um comprimido ao dia. Isso é bastante positivo, pois esse paciente já toma outras medicações e a redução do número de tomadas aumenta a aderência ao tratamento e facilita o controle por parte do cuidador”, explica.
“Além dos benefícios terapêuticos, a nova associação possui preço mais acessível quando comparado à compra das substâncias isoladas”, acrescenta Andreia.
Enfrentando a DA
Segundo Ivan Hideyo Okamoto, neurologista do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a forma mais eficaz de minimizar os impactos da DA é com o diagnóstico precoce da doença. “O mais importante é que as pessoas saibam que o envelhecimento não significa perder memória. O esquecimento normal da idade não atrapalha, já o Alzheimer compromete a vida do paciente e da família. Se detectado no início da doença, a DA pode ser estabilizada e a pessoa pode viver com maior qualidade de vida”.
A Doença de Alzheimer responde por cerca de 50% das causas de demência no mundo, que leva à perda do funcionamento cognitivo. “Inicialmente, a doença acomete regiões do cérebro relacionadas à memória, mas ela evolui complicando operações de linguagem, cálculo e execução de tarefas”, explica Okamoto.
De acordo com o especialista, o único fator de risco comprovado para a DA é a idade avançada. “Com o tempo, países em desenvolvimento, como Brasil, China, Indonésia e índia, terão cada vez mais quantidade de idosos, o que potencializará o número de impactados. Por isso, é importante o tratamento logo no início da doença”.