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“Brain rot”: um chamado para repensar o impacto do digital

Por Patricia Ansarah

Mulher doente distraída do trabalho se sentindo mal sentada na frente do computador, funcionária estressada tem ataque de ansiedade no local de trabalho, mulher chateada sofre de dor de cabeça ou tontura no escritório

A Universidade de Oxford elegeu “brain rot” – traduzida como “cérebro apodrecido” – como a palavra do ano de 2024. A expressão, popular entre jovens nas redes sociais, reflete um desafio urgente da era digital: os efeitos negativos do consumo excessivo de conteúdos superficiais, que comprometem a saúde mental, a criatividade e as habilidades cognitivas.

Essa escolha suscita uma reflexão importante: como equilibrar o uso da tecnologia, que conecta as pessoas, com o cuidado necessário para preservar a saúde mental e as relações? Pesquisas indicam que o “brain rot” não é apenas um problema individual, mas também influencia a maneira como as pessoas interagem, criam e resolvem problemas, afetando contextos que vão do pessoal ao organizacional.

A relevância de “brain rot” como palavra do ano vai além de uma simples tendência. Ela desafia a criar ambientes onde a tecnologia seja aliada do bem-estar, e não um fator de desgaste. E isso começa pela coragem de abrir conversas genuínas sobre o impacto do digital em nossas vidas e organizações.

Estudos recentes destacados pelo Newport Institute mostram que os impactos negativos, como ansiedade, dificuldades cognitivas e queda de produtividade, podem ser revertidos. Estratégias eficazes incluem limitar o tempo de tela, priorizar atividades com propósito e criar ambientes psicologicamente seguros, onde erros e desconexões sejam reconhecidos como parte do processo de aprendizado.

Nas organizações, o “cérebro apodrecido” é um reflexo da pressão por resultados e do excesso de estímulos digitais. Segundo o State of the Global Workplace Report 2024, apenas 23% dos trabalhadores globais relatam estar engajados em seu trabalho, enquanto 44% afirmam experimentar níveis significativos de estresse diário. Esses números reforçam a importância de criar conversas significativas e educativas com atenção a como o impacto do digital pode interferir no engajamento e no estresse crônico nas organizações.

Segurança psicológica é a chave para trazer este tema à mesa e transformar o impacto do digital. Quando criamos ambientes que incentivam o diálogo sobre o que é contraproducente às iniciativas de equilíbrio e saúde mental, não estamos somente educando e recuperando a capacidade criativa das pessoas, mas também impulsionado resultados, realização e bem-estar.

O diálogo sobre “brain rot” é mais do que uma tendência, é um chamado para repensarmos o papel da tecnologia em nossas vidas e organizações. Ao integrarmos segurança psicológica e consumo consciente, estamos reforçando a importância do equilíbrio para a saúde e a sustentabilidade das empresas e das pessoas.

Sobre a autora:

Precursora do conceito de segurança psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional Patricia Ansarah – com mais de 20 anos atuando em RH e como executiva de grandes empresas – criou o instituto para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil e levar soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de times e organizações.

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