Lições de branding para aprender e aplicar
Quando se trata de branding, poucas marcas no mundo conseguem rivalizar com o impacto do Natal. Sem logotipo, slogan, ou CEO, o Natal se consolidou como a marca mais memorável e emocionalmente envolvente do planeta. É um fenômeno que transcende culturas, gerações e fronteiras, unindo pessoas em torno de cores, símbolos, sons e histórias que evocam nostalgia e conexões emocionais profundas. Mas como exatamente o Natal conseguiu essa façanha, e o que marcas comerciais podem aprender com isso?
O Natal como uma aula viva de branding
O Natal é um exemplo singular de branding sensorial e emocional. Vermelho, verde e dourado são suas cores institucionais, enquanto ícones como árvores, estrelas e renas são universalmente reconhecidos. O som de sinos ou uma melodia natalina imediatamente nos remete à data, e sabores como o de panetone e rabanada criam conexões instantâneas com memórias de celebrações passadas. “O Natal ativa múltiplos sentidos ao mesmo tempo, criando uma experiência inesquecível. Essa é uma das maiores lições que uma marca pode aprender: a consistência sensorial constroi identidade e conexão emocional”, explica Eros Gomes, especialista em marcas e fundador da Cross Design Studio.
Essa conexão emocional reflete diretamente no consumo. Em 2022, o Natal movimentou R$ 157 bilhões no Brasil, superando os R$ 128,2 bilhões do ano anterior. Para 2023, a previsão era de um crescimento de 5,6%, somando quase R$ 69 bilhões em vendas natalinas. Esses números evidenciam a força da data como uma oportunidade única para marcas se destacarem no mercado, tendo o storytelling como pilar.
As histórias natalinas, sejam contos sobre o Papai Noel ou as mensagens de união e generosidade, são outro pilar essencial desse branding. Histórias bem contadas atravessam gerações, criando um senso de pertencimento e continuidade. Grandes marcas, como a Coca-Cola, aprenderam com maestria a se associar ao Natal, transformando o Papai Noel em uma figura icônica vestida nas cores da empresa. “Mais do que vender produtos, as marcas devem contar histórias que ressoem com os valores e aspirações do público. É isso que cria defensores leais”, afirma Gomes.
Oportunidades estratégicas para as marcas
O branding do Natal ensina que momentos específicos no tempo podem ser tão poderosos quanto os produtos em si. No caso da Coca-Cola, por exemplo, sua associação com o Papai Noel ajudou a solidificar a marca como parte integrante das celebrações de fim de ano. O conceito de “marketing baseado em ocasiões” explora o comportamento humano em períodos específicos, oferecendo uma oportunidade única para as marcas se conectarem emocionalmente com os consumidores.
Dados que reforçam o poder do Natal
Estudos mostram que 94% dos consumidores recomendariam uma marca com a qual tenham uma conexão emocional, enquanto clientes emocionalmente engajados têm um valor vitalício 306% maior. No Brasil, campanhas que exploram essa conexão podem gerar um aumento de até 27% nas taxas de engajamento . Além disso, visitam o site de uma marca após ver um produto nas redes sociais, demonstrando a importância de estratégias que criem vínculos emocionais durante o período natalino .
Construindo o branding a magia do Natal
Seja explorando símbolos universais, criando histórias memoráveis ou focando em sensações que se conectam ao público, marcas de todos os segmentos podem aprender com o Natal. Não se trata apenas de vendas sazonais, mas de construir uma identidade que ressoe o ano inteiro. “O segredo do Natal como marca é que ele é autêntico e toca o coração das pessoas. Qualquer marca pode alcançar o mesmo efeito, desde que entenda as emoções e valores do seu público”, conclui Gomes.
Em um mundo onde a competição pela atenção do consumidor é feroz, olhar para o Natal como um modelo de branding atemporal pode ser a chave para criar marcas que perduram. Afinal, quem não gostaria de ser tão memorável quanto a época mais mágica do ano?
Cross Design Studio
Eros Gomes
Especialista em marcas
Especialista em marcas