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Uso do cigarro eletrônico e os riscos para a pele e cirurgias estéticas

Estudos indicam que o vape causa envelhecimento precoce, manchas resistentes e pode comprometer até a cicatrização

Uso do cigarro eletrônico e os riscos para a pele e cirurgias estéticas
Image by diana.grytsku on Freepik

 

Nos últimos anos, o cigarro eletrônico, conhecido como “vape”, conquistou popularidade global, sendo utilizado por muitos como uma alternativa ao cigarro tradicional. No entanto, ao contrário do que é amplamente divulgado por seus defensores, evidências científicas indicam que o vape pode trazer riscos significativos à saúde.

Diversos estudos revelam que os efeitos do cigarro eletrônico sobre a pele e o processo de cicatrização podem ser semelhantes – e até mesmo superiores – aos danos causados pelo cigarro convencional.

Assim como o cigarro convencional, o vape expõe o organismo a altas concentrações de nicotina e outras substâncias químicas, como o propilenoglicol e a glicerina, que levam ao estresse oxidativo nas células da pele. Esse processo contribui para o envelhecimento precoce, reduzindo a produção de colágeno, o que acelera o aparecimento de rugas e a flacidez da pele. Além disso, o vape pode provocar o surgimento de manchas difíceis de tratar e queda capilar, agravando problemas de saúde.

“Diversos estudos já comprovaram que os cigarros eletrônicos determinam prejuízos para pele e cabelos de maneira muito semelhante aos cigarros tradicionais. Esse dispositivo, que além da nicotina também contém diversas substâncias não identificadas, pode levar ao estresse oxidativo das células da pele, causando um envelhecimento precoce pela perda de colágeno, com o consequente aumento das rugas, e o desenvolvimento de manchas, muitas vezes de difícil tratamento”, afirma a Dra. Cíntia Gründer, dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, com foco em beleza, rejuvenescimento e saúde da pele.

O cigarro eletrônico é um dispositivo alimentado por bateria que aquece um líquido contendo água, nicotina, propilenoglicol, glicerina e flavorizantes. Esses dispositivos vaporizam o líquido a temperaturas entre 100ºC e 250ºC, liberando uma mistura de substâncias que é inalada pelo usuário. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) destaca a falta de evidências científicas que comprovem a segurança desses dispositivos e o efeito negativo de seus componentes no organismo.

Estudos indicam que o uso do cigarro eletrônico pode causar prejuízos à pele e ao processo de cicatrização. O vapor inalado contém altas concentrações de nicotina e outras substâncias químicas, como propilenoglicol e glicerina, que afetam negativamente a circulação sanguínea e a capacidade de recuperação dos tecidos. A nicotina, em especial, provoca vasoconstrição periférica, aumentando os riscos de complicações em procedimentos estéticos e cirúrgicos, como deiscências (abertura de pontos) e necroses. Essas complicações são conhecidas por comprometer a estética e a funcionalidade da área operada, especialmente em cirurgias que envolvem o uso de retalhos cutâneos amplos e finos, como as realizadas no rosto.

De acordo com o cirurgião plástico Dr. Daniel Nunes, que conduz um estudo sobre o impacto do cigarro eletrônico em procedimentos estéticos, “a associação negativa entre o cigarro tradicional e a cirurgia plástica já está bem estabelecida; o importante agora é determinarmos até onde vai o risco do cigarro eletrônico”. O especialista explica que a presença de substâncias como o propilenoglicol e a glicerina no vape tem despertado preocupações sobre os efeitos a longo prazo na cicatrização e integridade da pele, além de eventuais riscos em pacientes submetidos a cirurgias de rejuvenescimento facial.

O US Food and Drug Administration, órgão do governo dos EUA, vinculado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos, responsável pela regulação de alimentos, medicamentos, produtos médicos, entre outros, rejeitou a tese de que o vape seria uma alternativa segura ao cigarro, apontando a carência de estudos que comprovem seu papel na cessação do tabagismo e na segurança pós-operatória.

Diante das incertezas sobre o impacto do cigarro eletrônico na cirurgia plástica e na recuperação da pele, especialistas e instituições de saúde mantêm uma posição cautelosa. A ANVISA, por exemplo, reforçou em sua última atualização regulatória o alerta sobre os riscos do vape para a saúde humana, alinhando-se a outras autoridades internacionais que também restringem o uso e a comercialização desses dispositivos.