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Colírios clareadores causam efeito rebote e podem mascarar doenças oftalmológicas

Uso de colírios por conta própria pode colocar a saúde ocular em risco, alerta especialista

Uso de colírios por conta própria pode colocar a saúde ocular em risco, alerta especialista
Image by grmarc on Freepik

 

O clima seco e o ar poluído, que tomaram conta de grande parte do Brasil nos últimos dias, causam inúmeros desconfortos, incluindo algumas manifestações oculares como secura, irritação, coceira e vermelhidão nos olhos.

Na tentativa de aliviar esses sintomas, muitas pessoas usam, por conta própria, colírios lubrificantes e clareadores. Mas, os colírios que melhoram a vermelhidão ocular escondem alguns perigos.

Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, a vermelhidão ocular é um sintoma muito comum na população em geral e pode ocorrer por inúmeros motivos. “Além do tempo seco, da fumaça e de poluentes suspensos no ar, os olhos podem ficar vermelhos devido a noites mal dormidas, cansaço, irritação por agentes químicos, alergias oculares, conjuntivite e outras condições mais sérias, como infecções na córnea e traumas”.

“A vermelhidão ocorre quando os vasos sanguíneos da superfície ocular se dilatam para aumentar o fluxo sanguíneo. Normalmente, isso é uma tentativa do organismo em reparar possíveis danos ou problemas oculares”, explica a especialista.

Venda livre, efeitos indesejados

Os colírios para clarear os olhos, chamados de descongestionantes, levam à contração dos vasos sanguíneos na conjuntiva, película que recobre a parte da frente do globo ocular, clareando os olhos. “Por serem medicamentos de venda livre, muitas pessoas usam de forma indiscriminada e isso pode gerar diversas consequências indesejadas”, alerta, alerta Dra. Maria Beatriz.

Os colírios clareadores podem conter algumas substâncias, como a tetraidrozolina ou nafazolina. “Esses fármacos bloqueiam artificialmente os vasos sanguíneos da superfície ocular, neutralizando os esforços do corpo para reparar os danos nos olhos. Para além disso, o uso desses medicamentos pode mascarar doenças oftalmológicas mais sérias, que precisam de tratamento para evitar comprometimento da visão”, alerta Dra. Maria Beatriz.

“Outro problema grave dos colírios descongestionantes é o efeito rebote. O clareamento dos olhos é temporário, ou seja, depois de um tempo da aplicação, a vermelhidão volta. Contudo, a dilatação dos vasos é ainda maior do que no início do processo. Dessa forma, o paciente vai precisar de doses cada vez mais altas para obter o mesmo efeito”, aponta a especialista.

Uso abusivo de colírios clareadores pode levar a outras doenças oculares

Outros efeitos indesejados do uso indiscriminado dos colírios clareadores são secura ocular, irritação, ardência e dilatação da pupila. “Esses sintomas estão associados aos conservantes e demais excipientes que compõem a fórmula desses colírios. Quando o uso é abusivo e por tempo prolongado, pode aumentar o risco de desenvolver, por exemplo, a síndrome do olho seco”, ressalta Dra. Maria Beatriz.

Por fim, qualquer medicamento pode causar alergias e uma anafilaxia, que é uma reação alérgica aguda, bastante grave e que pode levar a pessoa ao óbito. A anafilaxia pode ocorrer em qualquer pessoa, mesmo em quem já está acostumado a usar esses colírios. O sistema imunológico reage de uma forma muito agressiva à substância, levando a sintomas como falta de ar, enjoo, vômito, tontura, obstrução das vias respiratórias, desmaio e irritação na pele.

Tratamento para vermelhidão ocular depende da causa

A vermelhidão ocular pode ser um sintoma bastante desagradável. Contudo, usar colírios para clarear os olhos não resolve o problema, pois trata o sintoma e não a causa. Para além disso, esses medicamentos podem trazer prejuízos e desencadear condições mais sérias nos olhos.

“Portanto, na presença da vermelhidão ocular, secura, irritação ou coceira, a recomendação é procurar um oftalmologista. O tratamento sempre depende do diagnóstico. Contudo, em tempos de clima seco e ar muito poluído, os colírios de lágrimas artificias e os lubrificantes são bem-vindos, finaliza Dra. Maria Beatriz.