Pular para o conteúdo

De Maradona a Ronaldinho Gaúcho: planejamento patrimonial é essencial para evitar falência após a aposentadoria no esporte

No Dia Mundial do Atleta, a gestão patrimonial deve ser prioridade desde o auge da carreira

aposentadoria no esporte
Foto de cottonbro studio no Pexels

 

A carreira de um atleta profissional, especialmente no futebol, é marcada por altos salários e grande exposição midiática. No entanto, sem um planejamento patrimonial e sucessório adequado, muitos acabam enfrentando graves dificuldades financeiras após a aposentadoria. Casos de jogadores famosos que perderam tudo, como Paul Gascoigne, Muller, Zé Elias, Amaral e Freddy Rincón, demonstram que o sucesso esportivo nem sempre se traduz em estabilidade financeira ao longo da vida

Para Gustavo Biglia, sócio do Ambiel Advogados e especialista em Direito Societário e Planejamento Sucessório no Esporte, a gestão estratégica do patrimônio deve começar ainda no auge da carreira. “Os atletas frequentemente recebem grandes quantias em um curto período, mas sem a orientação correta sobre como preservar e administrar esse patrimônio a longo prazo. Sem um planejamento sucessório eficiente, o risco de falência ou disputas familiares aumenta consideravelmente”, explica Biglia.

O especialista destaca que, além da falta de educação financeira, a incerteza tributária é um fator de risco. “Não sabemos quando a carga tributária aumentará, mas sabemos que ela aumentará. Planejar-se desde cedo permite que o atleta utilize mecanismos legais para minimizar impactos futuros, protegendo seu patrimônio e garantindo um futuro financeiro estável.”

Casos como o de Ronaldinho Gaúcho, que teve bens bloqueados pela Justiça, e Paul Gascoigne, ex-jogador da seleção inglesa que perdeu toda sua fortuna devido a problemas com vícios e má gestão, reforçam a necessidade de uma administração patrimonial estratégica. “Muitos atletas confiam cegamente em terceiros para gerir suas finanças, sem compreender totalmente os riscos envolvidos. Um planejamento sucessório bem estruturado pode incluir a criação de holdings familiares, testamentos e mecanismos que garantam a proteção dos bens contra desperdícios e má administração”, pontua o advogado.

Outro ponto crítico são as disputas familiares envolvendo heranças. “O futebol é um esporte coletivo, mas a gestão patrimonial deve ser individualizada e personalizada. Quando um atleta falece sem um plano sucessório claro, surgem brigas entre familiares e terceiros que alegam ter direitos sobre sua herança. Isso pode ser evitado com a formalização antecipada de um testamento e a estruturação de um planejamento patrimonial adequado”, alerta Biglia.

Além dos atletas que alcançam altos ganhos, é importante considerar aqueles que vivem de patrocínios esporádicos e programas de incentivo, como o Bolsa Família, especialmente em esportes estratégicos como Olimpíadas e circuitos mundiais. Para esses profissionais, o planejamento sucessório também é essencial, pois mesmo rendimentos modestos podem e devem ser protegidos para garantir segurança financeira a longo prazo. Pequenos investimentos, proteção contra tributação excessiva e uma gestão cuidadosa podem fazer diferença significativa para a estabilidade financeira futura desses atletas.

Ele também ressalta a importância de contar com uma equipe multidisciplinar para auxiliar os jogadores, incluindo advogados especializados, consultores financeiros e contadores. “O ideal é que o atleta tenha profissionais de confiança que o ajudem a tomar decisões embasadas sobre seus investimentos e bens, evitando surpresas desagradáveis no futuro”, afirma.

Com a crescente profissionalização do esporte, o planejamento sucessório torna-se um diferencial para aqueles que desejam manter um padrão de vida confortável após o encerramento da carreira. “Evitar que o sucesso dentro de campo se transforme em dificuldades fora dele exige preparo e visão estratégica. A melhor jogada que um atleta pode fazer pelo seu futuro é cuidar de seu patrimônio enquanto ainda está em atividade”, conclui Biglia.

Fonte:

Gustavo Biglia – sócio do Ambiel Advogados. Especialista em Planejamento Sucessório no Esporte. Pós-graduado em Direito Societário pela Fundação Getulio Vargas (FGV/SP).