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Quais são os métodos contraceptivos mais adequados para adolescentes?

FEBRASGO destaca a importância da escolha e orientação adequada para a prevenção de gestações não planejadas nesta faixa etária

Quais são os métodos contraceptivos mais adequados para adolescentes?

Na Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que acontece de 1 a 8 de fevereiro, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um importante alerta sobre a necessidade de métodos contraceptivos eficazes e adequados à realidade dos jovens, fundamentais para prevenir gestações não planejadas nesse período da vida.

A Dra. Ilza Maria Urbano, presidente da Comissão de Anticoncepção da FEBRASGO, destaca que há métodos contraceptivos específicos indicados para adolescentes, considerando as particularidades dessa faixa etária. Ela ressalta ainda que os adolescentes estão entre os grupos com as maiores taxas de gestações não planejadas, o que reforça a importância de orientar e oferecer acesso a opções eficazes e seguras de contracepção.

“Várias são as razões para que a gestação ocorra sem planejamento, entre elas uniões muito precoces com o parceiro, falta de acesso ao método contraceptivo escolhido e descontentamento ou falta de adesão a ele. A prioridade deve ser a oferta de métodos contraceptivos mais eficazes, considerando que essa faixa etária está no auge da fertilidade, o que pode aumentar a probabilidade de falhas contraceptivas”, disse a médica.

É importante destacar que, por apresentarem menor risco de comorbidades, o principal critério na escolha do método para jovens deve ser a sua efetividade. Nesse sentido, os métodos reversíveis de longa duração (LARCs) são os mais indicados. Eles incluem os dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais e não hormonais, bem como o implante subdérmico de etonogestrel.

A ginecologista destaca que a orientação sobre o melhor método contraceptivo para cada paciente deve ser individualizada, levando em consideração as características, necessidades e preferências de cada adolescente. Esse processo começa com o estabelecimento de uma relação de confiança, que só é possível por meio do respeito, da confidencialidade das informações compartilhadas e de uma abordagem sem julgamentos. “Uma comunicação efetiva permite compreender os anseios da jovem, esclarecer dúvidas e desconstruir mitos relacionados aos métodos contraceptivos, explica a especialista.

Além da escolha do método, é fundamental explorar outros aspectos que podem impactar a saúde do paciente. Queixas como dismenorreia (cólicas menstruais intensas), sangramento uterino aumentado, cefaleias e sintomas de tensão pré-menstrual devem ser avaliados, pois muitos métodos oferecem benefícios adicionais além da contracepção, como o alívio desses problemas.

“Também é importante investigar a presença de condições de saúde que possam contraindicar o uso de métodos com componente estrogênico, ainda que sejam raras nessa faixa etária. Esse cuidado minucioso assegura que a escolha do método seja não apenas eficaz, mas também segura e benéfica para o bem-estar geral da adolescente”, ressaltou.

A médica explica que os contraceptivos não representam riscos à saúde, ao contrário do que circula em algumas redes sociais. “Os contraceptivos modernos são seguros, desde que respeitadas as contraindicações. Por exemplo, mulheres saudáveis podem usar contraceptivos orais combinados (a pílula) por muitos anos, sem prejuízo à saúde e ainda com o benefício de redução do risco de tumores de ovário e endométrio, desde que não apresentem enxaqueca com aura. Mulheres que utilizam métodos que reduzem o sangramento uterino raramente desenvolvem anemia e, geralmente, apresentam uma boa qualidade de vida, com diminuição da dismenorreia”, explicou a Dra. Ilza.

Abordar o uso de preservativos em conjunto com anticoncepcionais é essencial para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Quando se estabelece uma boa relação durante o aconselhamento, o tema do risco de ISTs pode surgir de forma natural, facilitando a discussão. É importante reforçar que o preservativo, tanto masculino quanto feminino, é o único método capaz de prevenir essas infecções.

“Mostrar dados, abordar fatos da vida cotidiana e discutir a possibilidade de que o parceiro tenha outros parceiros podem ser caminhos eficazes para promover esclarecimentos sobre ISTs, destaca a especialista. Essa abordagem educativa, aliada ao respeito e à confiança, contribui para que os adolescentes compreendam a importância de usar preservativos como complemento aos métodos anticoncepcionais, protegendo sua saúde de forma mais ampla.

“Adolescentes, em especial, necessitam de acompanhamento nos primeiros anos de uso dos métodos contraceptivos. Esse grupo é o que mais frequentemente descontinua o uso dos métodos sem buscar rapidamente uma substituição, muitas vezes devido a mitos ou dúvidas sobre alterações que desconhecem serem normais no início do uso, como o sangramento uterino irregular. A adesão ao método deve ser monitorada, e orientações frequentes no início do uso podem contribuir para melhores taxas de continuidade, garantindo maior eficácia e segurança na contracepção”, finaliza.