Por Lúcio Scheuer
A previdência privada é um investimento, normalmente de longo prazo, considerado como uma das melhores alternativas de renda para complementar a aposentadoria das pessoas. Com pequenos valores mensais, no longo prazo, turbinados pelos juros compostos, acabam produzindo resultados impressionantes.
A previdência complementar, como é também conhecida, tem a função de ser uma renda adicional ao sistema público e vem crescendo vigorosamente no Brasil, tendo em vista as dúvidas que pairam sobre a sustentabilidade do sistema oficial de previdência.
A previdência privada, como o próprio nome já diz, não possui nenhuma ligação com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). É administrado pela iniciativa privada e fiscalizada pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Os investidores normalmente fazem aportes mensais e os gestores dos planos geralmente aplicam os montantes em títulos de baixo risco, principalmente, em renda fixa.
É possível escolher o valor a ser investido e a periodicidade da contribuição. A grande maioria dos indivíduos faz contribuições mensais. Quanto maior a contribuição mensal e quanto maior o prazo de acumulação, maior será o benefício futuro. Mas é possível encontrar investimentos mensais a partir de R$50,00.
Características importantes
É importante salientar que o Brasil tem duas modalidades de previdência privada. A fechada, também conhecida como fundo de pensão, cujos participantes estão alocados nas empresas e entidades de classe. Normalmente as empresas participam com um percentual da contribuição deste fundo enquanto os colaboradores aportam o maior valor. Já a aberta está disponível para qualquer pessoa que queira contratar um plano de previdência privada. Estes planos estão disponíveis nas instituições financeiras, ou seja, bancos, cooperativas de crédito, corretoras de investimentos e gestores independentes.
Ao optar por um plano de previdência privada é importante analisar as taxas cobradas e a rentabilidade do fundo. Quanto às taxas, é bom analisar especialmente três tipos:
- Taxa de administração: é o custo da gestão do fundo. Esta taxa incide sobre o patrimônio total e por isto ela tem grande impacto sobre a rentabilidade do fundo. É fundamental que seja bem negociada antes do fechamento do plano com o agente financeiro.
- Taxa de carregamento: é cobrada sobre cada aporte, ou seja, sobre cada depósito realizado. Em casos de valores maiores, os bancos tendem a isentar estes valores. Como ela incide sobre os depósitos, acaba sendo bem onerosa, pois já é descontado no ato da entrada do valor no plano.
- Taxa de saída: não é tão habitual, poucos fundos a cobram. Pode ser cobrado um percentual no momento da retirada dos valores do plano. Quando é cobrada, ocorre naqueles planos cujo saque acontece nos primeiros anos, na carência do fundo. É muito importante que o investidor busque as menores taxas possíveis, para rentabilizar mais seu plano de previdência.
Quando se pensa na tributação dos planos de previdência, precisa-se antes analisar os dois tipos de planos disponíveis no mercado, o PGBL e o VGBL. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Definido) é indicado para contribuintes que pagam mais imposto de renda. As contribuições neste plano de previdência podem ser abatidas em até 12% da renda bruta tributável. Por outro lado, quando o contribuinte usufruir deste benefício, pagará o Imposto de Renda (IR) sobre o valor do saque.
Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem não tem tanta preocupação com o imposto de renda. O investidor nestes casos se preocupa mais com a rentabilidade do fundo. No saque o IR é cobrado só sobre o ganho de capital e não sobre o valor total aplicado.
Magia dos juros compostos
A previdência privada tem a “magia” do juro composto. Quanto mais cedo a pessoa iniciar seu plano, maior será o resultado no longo prazo. “Quanto mais tempo o dinheiro trabalhar para você, melhor será a performance. Então, quanto antes você iniciar seu investimento, mais fácil será a construção da riqueza no longo prazo”, destaca Larissa Quaresma, da Empiricus. Ela salienta também que os juros compostos trabalham sobre o montante total acumulado, incluindo os juros anteriores ao investimento inicial. Ou seja, ao longo do tempo, seus ganhos se multiplicam exponencialmente, gerando rendimentos espetaculares.
A magia comprovada
Para finalizar, veja este exemplo, que comprova a “magia” dos juros compostos no longo prazo. Digamos que você inicie seu plano de previdência aos 20 anos de idade, com um aporte mensal de R$500,00. Que no seu horizonte esteja a ideia de se aposentar aos 60 anos de idade. Seriam 40 anos de contribuição, ou seja, 480 meses. O valor nominal destas contribuições seria de R$240.000,00 (480 x 500,00).
Atualmente os bons planos de previdência têm rentabilizado em torno de 1% ao mês, ou, 12% ao ano. Considerando R$500,00 por mês, em 480 meses, a 1% de juro composto ao mês, teremos um montante de R$ 5.882.386,26. Uma fortuna né? Pense em previdência privada, faça o juro composto trabalhar a favor de você!
Sobre o autor:
Lúcio Sheuer é Doutor em Administração, Economista, Professor e Diretor-comercial da Uniprime Pioneira.