Brasileiros são a décima nacionalidade que mais migra para os EUA
Com a reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, medidas migratórias mais rígidas devem ser implementadas no controle de fronteira, embora sejam esperadas ações do Executivo para atrair mão de obra internacional.
A análise é do especialista em mobilidade global Rodrigo Costa, que é CEO da Viva América, assessoria imigratória para os EUA.
“Com a eleição projetada de Trump e o controle republicano no Senado já garantido, dificilmente teremos mudanças estruturais no sistema imigratório americano, que teve sua última atualização no início da década de 1990. No entanto, o Poder Executivo, agora chefiado por Trump, tem certa discricionariedade em definir medidas relacionadas ao controle de fronteira e à atuação das agências de imigração”, explica Costa, que há dez anos vive nos EUA.
Durante sua campanha, Trump declarou que pretende realizar a maior deportação já vista pelos EUA, expulsando do país os imigrantes em situação ilegal. Segundo o Pew Research Center, 11 milhões de imigrantes vivem em solo americano sem autorização – são os chamados indocumentados.
“Ao mesmo tempo, Trump defendeu que estrangeiros graduados em universidades americanas tenham direito ao green card”, diz Costa, em referência ao documento de residência permanente.
Dados mais recentes do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) dos EUA revelam uma escassez de mão de obra no país. Enquanto há 7,4 milhões de vagas abertas nas empresas estadunidenses, há somente 7 milhões de desempregados. “A solução para esse problema passa, invariavelmente, pela atração de profissionais estrangeiros”.
O papel da imigração da vitória de Trump
Tradicionalmente, o Partido Republicano defende políticas de imigração mais restritivas, enfatizando a segurança nacional e a proteção das fronteiras. Essa postura busca limitar tanto a imigração legal quanto a ilegal, visando preservar empregos para cidadãos americanos e manter a segurança interna.
Trump, porém, elevou esse discurso em alguns tons, defendendo até mesmo, durante sua primeira campanha em 2016, a criação de um muro na fronteira com o México, principal ponto de entrada dos imigrantes indocumentados. Em 2023, segundo dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos EUA (CBP), foram registrados mais de três milhões de flagrantes de pessoas tentando atravessar a fronteira americana.
“A maioria tenta pedir asilo, um benefício imigratório que, embora garantido na legislação americana, pode ser grandemente dificultado por quem está no comando do Executivo”, observa Costa.
Desde o início da campanha eleitoral, a imigração se tornou um tema central. Levantamento realizado no começo de outubro pelo YouGovmostrou que esse era o terceiro tema mais importante para os eleitores, com 39% das menções, ficando atrás de economia (69%) e saúde (46%). Em outras pesquisas ao longo do ano, a questão imigratória também sempre apareceu com destaque, até mesmo como a maior preocupação.
O impacto para os brasileiros
O Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos americanos em 2023. Foram 1,158 milhão de autorizações concedidas pelos EUA a cidadãos brasileiros, alta de 42% em relação ao volume do ano anterior. É também o maior valor da história. Apenas México (2,5 milhões) e Índia (1,4 milhão) registraram mais emissões. China (539 mil) e Colômbia (491 mil) completam as cinco primeiras posições do ranking.
Os dados fazem parte do estudo “Os vistos americanos mais concedidos para brasileiros”, realizado anualmente pela Viva América com base em relatórios do Departamento de Estado americano. A maioria dos vistos é de natureza temporária, como os de turismo, mas o fluxo de imigração também tem se intensificado.
Em 2023, 28.050 cidadãos do Brasil receberam a residência permanente estadunidense – o green card. Trata-se do maior volume da história e de uma alta de 16% em relação às 24.169 emissões de 2022 – o recorde anterior. Os dados são de um levantamento da AG Immigration com base em dados oficiais do Departamento de Segurança Interna (DHS) americano. O Brasil foi o 10º país que mais teve cidadãos se mudando permanentemente para os EUA.
Já a quantidade de brasileiros que obtiveram a cidadania americana também atingiu patamares elevados. Ao todo, foram 12.570 naturalizações em 2023, leve queda de 4,7% sobre as 13.203 do ano anterior. Ainda assim, é o segundo maior registro histórico.
“Temos visto uma intensificação da imigração de brasileiros para os EUA. Enquanto o Brasil tem passado por uma série de instabilidades políticas e econômicas nos últimos dez anos, os EUA têm crescido e precisado de mão de obra, além de oferecer remunerações muito mais elevadas e um nível médio de qualidade de vida maior”, comenta o CEO da Viva América.
De acordo com o executivo, a eleição de Trump não deve afetar o apetite dos brasileiros por migrar para a América, nem dificultar o acesso deles ao “sonho americano”. “Para quem busca a via legal, não haverá impacto. Apenas para quem migra ilegalmente é que se pode esperar desafios maiores, porque Trump deve reforçar o controle de fronteira, aumentar o orçamento das autoridades fronteiriças e acabar com alguns decretos de Biden que organizavam os pedidos de asilo.”
Série Histórica: green cards dos EUA para brasileiros (2000-2023)
Sobre a Viva América
A Viva América é uma assessoria imigratória all-in-one oferece todos os serviços para quem deseja viajar a lazer, estudar, trabalhar ou morar permanentemente nos EUA, como: aplicação para todos os vistos americanos, internacionalização de empresas, planejamento contábil e tributário para empresas e pessoas físicas, recolocação profissional, revalidação de diplomas, compra e locação de imóveis, financiamento imobiliário e assessoria educacional para a matrícula em escolas e a obtenção de bolsas de estudo. Mais informações: www.vivaamerica.com.br