“Cabe negociação na hora de contratar o empréstimo, pois não se justifica spread elevado numa modalidade que não apresenta riscos para as instituições financeiras”
Artur Marques, presidente da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP), por ocasião da reunião do Copom esta semana, nos dias 17 e 18 de setembro, lembra que o teto dos juros dos empréstimos consignados, fixado em 1,66% ao mês pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), está acima da Selic, cuja taxa mensal foi de 0,91% em julho, maior índice desde janeiro. “Não há razão que as instituições financeiras cobrarem spread elevado numa modalidade sem risco, considerando que os pagamentos são automáticos e garantidos”, pondera.
Diante desses números, cabe negociação na hora de contratar o empréstimo. Como qualquer produto ou serviço, deve-se pesquisar o mercado e comparar as condições e taxas oferecidas pelos distintos bancos. “Servidores públicos e aposentados são grandes alvos da oferta de crédito consignado. Devem lembrar que são os clientes e podem pedir, com legitimidade, uma taxa mais favorável”, argumenta Artur Marques. Ele também orienta os tomadores do empréstimo a conferirem se os juros não estão acima do teto, os prazos exatos de pagamento e se as parcelas não ultrapassam os limites da renda mensal, que são os seguintes: 40% do salário ou do valor da aposentadoria/benefício, sendo 35% para empréstimos e 5% para cartão de crédito consignado.
“Todos esses cuidados são muito importantes, em especial se considerarmos que está aumentando o número de empréstimos consignados”, ressalta o presidente da AFPESP. Somente os aposentados do INSS contrataram R$ 29,4 bilhões no primeiro quadrimestre de 2024, conforme consta no Portal da Transparência do governo. Os pensionistas tomaram R$ 7 bilhões e as pessoas que recebem benefício assistencial, R$ 3 bilhões. O levantamento aponta, ainda, alta de 10,9% nos pedidos de empréstimo consignado ante igual período do ano anterior, quando se registraram R$ 26,5 bilhões. A quantidade de operações também subiu no quadrimestre: em 2023 eram 44 milhões contratos ativos. Em 2024, o número chegou a 45 milhões.