Família da criança denunciou o caso à Polícia Civil e solicitou a transferência do menino de creche
Uma creche municipal do Rio de Janeiro – Espaço de Desenvolvimento Infantil René Biscaia, em Cosmos, na Zona Oeste (RJ) – foi denunciada pela família de uma criança autista de 2 anos supostamente dopada na escola.
De acordo com a agente de regulação Lays Torres de Almeida, mãe da criança, ela recebeu o filho de volta da creche tonto, desequilibrado e com dificuldades para andar.
“Eu peguei o meu filho visivelmente dopado. Ele ainda estava acordado, porém estava tonto, desequilibrado, ele não conseguia andar sem cair. Inclusive, no momento em que eu peguei o meu filho na porta da escola, ele só não caiu porque a mãe de um outro aluno segurou para ele não cair”, disse.
A mãe, então, levou a criança ao Hospital Municipal Rocha Faria, o menino chegou na unidade já desmaiado e precisou passar por uma lavagem estomacal e receber medicação após o boletim médico indicar uma intoxicação aguda. A família seguiu orientação médica e registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Campo Grande e precisaram fazer um exame toxicológico em uma clínica particular, onde foi identificado 0,18 miligramas de zolpidem na criança.
A família solicitou junto à 10ª Coordenadoria Regional de Educação que o menino fosse transferido de unidade e afirmou que os professores da creche reclamam que o filho não dormia com as outras crianças no horário específico, o que pode ter sido a motivação para dopar o menino.
O que é Zolpidem? Medicamento usado para dopar a criança?
De acordo com o médico psiquiatra e membro do grupo RG-TEA, dedicado a estimular a produção científica e disseminação de informações confiáveis sobre o autismo, Dr. Flávio H. Nascimento, o medicamento, que é usado para tratar insônia e tem efeito calmante, é indicado apenas para adultos.
“O Zolpidem é um medicamento prescrito principalmente para o tratamento de insônia em adultos.. Ele é considerada uma droga sedativa-hipnótica e age no cérebro para produzir um efeito calmante que ajuda a adormecer com mais facilidade. Ele deve sempre ser usado sob orientação médica para evitar efeitos colaterais, que podem variar desde confusão mental a sonambulismo e agressividade”, ressalta.
Autistas podem usar medicamentos sedativos?
Os medicamentos sedativos agem em receptores cerebrais que regulam o sono e devem ser usados com cuidado e sob orientação médica em pacientes autistas, explica o Pós PhD em neurociências e diretor do projeto RG-TEA em prol do debate e estudos sobre autismo, Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
“Medicamentos sedativos em geral, mas mais especificamente o Zolpidem agem no cérebro modulando a ação dos receptores GABA, ácido gama-aminobutìrico relacionado ao sono, inibindo a transmissão de impulsos entre os neurônios e estimulando um aumento do influxo de íons cloreto, que ajuda a reduzir a ansiedade, tem efeito calmante e facilita o sono”.
“Esse tipo de medicamento deve sempre ser usado sob orientação médica e a recomendação é que seja administrado apenas em adultos. Quando se trata do uso em autistas é ainda mais importante que esse controle seja feito porque há mais sensibilidade nesse público a efeitos colaterais, como alterações de humor e comportamento. Além disso, autistas podem ser mais suscetíveis à dependência do medicamento”, alerta o Dr. Fabiano de Abreu.
Sobre Dr. Flávio H. Nascimento
Dr. Flávio Henrique é formado em medicina pela UFCG, com residência médica em psiquiatria pela UFPI e mais de 10 anos de experiência na área de psiquiatria. Diagnosticado com superdotação, tem 131 pontos de QI o que equivale a 98 de percentil e é membro do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito como pesquisador auxiliar.
Sobre Dr. Fabiano de Abreu
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB é Pós PhD em Neurociências eleito membro da Sigma Xi, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos , membro da Royal Society of Biology no Reino Unido e da APA – American Philosophical Association também nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society, Numerical e HELLIQ Society High IQ. Autor de mais de 250 artigos científicos e 23 livros.