Leptospirose, zika, chikungunya, hepatite A e até tétano são algumas das enfermidades relacionadas às enchentes
As grandes chuvas iniciadas no final de abril causaram estragos em diversas cidades do Rio Grande do Sul, inundando residências, lojas, escolas, estações de metrô e até o Aeroporto Internacional Salgado Filho, na capital Porto Alegre. Este é o quarto evento climático significativo no último ano, com ocorrências em junho, setembro e novembro de 2023, obrigando famílias a deixarem suas casas às pressas devido à invasão das águas.
Em meio às muitas preocupações sobre a recuperação do estado, estão também as das autoridades sanitárias em relação às doenças decorrentes das chuvas.
De acordo com o coordenador médico da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) no Hospital Municipal Evandro Freire (HMEF)/CER Ilha, José Pozza, é preciso dividir a ocorrência das doenças relacionadas à chuva em três categorias: 1 – aquelas devido ao acúmulo de água e consequente aumento na proliferação de mosquito transmissor, como a dengue, zika e chikungunya; 2 – as ocasionadas pelo contato direto com água ou alimentos contaminados pela água das enchentes, como diarreias infecciosas, leptospirose e hepatite A; e, por fim, 3 – algo muitas vezes esquecido, uma doença grave ocasionada pela limpeza inadequada de objetos e residências após a baixa das águas, o tétano.
Boa parte dessas doenças têm sintomas semelhantes. Dengue, zika, chikungunya, leptospirose e hepatite A podem ocasionar mal-estar intenso; febre; dores pelo corpo e na cabeça; em determinados casos, diarreia; e vômito. Em algumas situações peculiares, quando evoluem para a forma grave, hepatite A e leptospirose podem apresentar olhos e pele amarelados, a chamada icterícia. Já os sinais clínicos do tétano podem ser rigidez nos nervos, dificultando a mobilidade, e alteração do nível de consciência.
“Como muitos sintomas se confundem, é o profissional médico quem estará habilitado a fazer a distinção entre essas doenças, avaliar a gravidade e a necessidade ou não de tratamento em nível hospitalar. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico imediato no caso do aparecimento de algum desses indicadores para obter o diagnóstico exato sobre a enfermidade em questão e tratamento adequado”, pondera o Dr. José.
O especialista destaca também que diarreias infecciosas e hepatite A, em geral, têm evolução de forma favorável. Já a leptospirose pode chegar a quadros mais graves, com a necessidade de sessões de hemodiálise e até intubação e utilização de ventilador mecânico para auxiliar a respiração.
A dengue tem quadros agravados, principalmente, a partir da primeira reinfecção – quanto maior o número de infecções, maior a chance de complicações severas. Zika tem como sua principal manifestação de gravidade os vários números de casos de microcefalia em bebês nascidos de mães que se infectaram no período gestacional. A chikungunya pode resultar em dores crônicas como sequela, necessitando de uso de múltiplos analgésicos potentes e, por muitas vezes, intervenção de reumatologistas e neurologistas especializados em controle da dor.
Por fim, o especialista explica que o tétano tem letalidade altíssima e o tratamento frequentemente se limita a tentativas de controle dos sintomas.
“Ainda sobre a gravidade de tais doenças, em geral, todas costumam ter ocorrências como as relatadas acima, mas é preciso levar em consideração as características individuais. Pessoas nos extremos da vida, muito idosas ou muito jovens, por exemplo, podem não ter o sistema imunológico tão competente para combater as infecções, além de evoluir com desidratação de forma mais precoce. Assim, fazem parte do grupo mais suscetível à evolução de forma grave. Pessoas com comorbidades preexistentes e em tratamentos que debilitam a imunidade também podem ter uma resposta pior à agressão secundária, já que a patologia relacionada ao contato com água contaminada das enchentes ou adquirida por meio de vetores nem é a causa isolada para uma possível complicação”, ressalta.
Diante da realidade vivenciada pelo Rio Grande do Sul, a prevenção, quando possível, segue sendo a melhor pedida para o bem individual e comum. Uma forma eficaz e importante de ser sempre lembrada é a imunização por meio de vacinas contra tétano, hepatite A e, a mais recente, contra a dengue.
Sobre o Hospital Municipal Evandro Freire
O Hospital Municipal Evandro Freire, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro, é um complexo hospitalar gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Sobre o CEJAM
O CEJAM é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos fundada em 1991, que atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu e Itapevi.
Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
No ano de 2024, a organização lança a campanha “366 Novos Dias de Cuidado, Amor e Esperança: Transformando Vidas e Construindo um Futuro Sustentável”, reforçando seu compromisso com o bem-estar social, a preservação do meio ambiente e os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).
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