Dia 21 de abril é marcado pela importância de conscientização sobre a LMA. Diagnóstico precoce e compreensão do caso do paciente são fatores fundamentais para um bom resultado.
Você já ouviu falar de leucemia, certo? A doença, conhecida popularmente como “câncer no sangue”, é classificada de acordo com as células que são afetadas pelo clone neoplásico, podendo ser linfoide ou mieloide[1], que é o caso da Leucemia Mielóide Aguda (LMA), o tipo mais comum e mais agressivo do tumor[2]. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 11 mil casos de leucemia são diagnosticados todos os anos no Brasil[3], em que pelo menos 10%[4] são de LMA.
Quando afetado por esse tipo de leucemia, o organismo produz glóbulos brancos anormais, que crescem descontroladamente e rapidamente substituem os glóbulos saudáveis[5]. Além disso, as células da doença podem infiltrar outros órgãos, incluindo o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), pele e gengivas.[6] Saiba mais sobre a doença e fique atento aos seus sinais.
Doença pode atingir os mais idosos, mas as faixas etárias mais jovens também são impactadas
A maior parte dos casos costuma acontecer em adultos acima de 60 anos[7], o que dificulta o seu diagnóstico, já que pode ser facilmente confundida com o processo de envelhecimento. Infecções recorrentes, anemia, palidez, perda de peso sem explicação aparente e manchas roxas pelo corpo são alguns dos sintomas7 que um paciente pode vir a apresentar”, comenta a Dra. Mariane Cristina Gennari de Assis, médica hematologista pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Dados da Divisão de População da Organização das Nações Unidas, até 2050, cerca de 70 milhões[8] de pessoas estarão acima dos 60 anos. Até 2100, 40% da população brasileira será composta por pessoas idosas[9]. “Isso mostra um cenário preocupante, e precisamos estar prontos para atender as necessidades dessa população, diz.”
“A leucemia mieloide aguda é rara antes dos 45 anos[10], mas existem algumas exceções. Estamos vendo, por exemplo, o caso da Fabiana Justus. A doença também pode ocorrer em crianças”, adiciona a médica.
Como é feito o diagnóstico e sintomas mais comuns
Acometendo a medula óssea, a LMA se desenvolve de forma rápida e, em poucas semanas, o paciente pode ficar muito fragilizado. “O diagnóstico precoce é um fator fundamental para um melhor prognóstico”, diz a Dra. Mariane.
Dentre os exames realizados para identificar a doença, o hemograma[11] é um primeiro passo, já que auxilia o profissional de saúde a identificar se o paciente apresenta diminuição de glóbulos vermelhos e plaquetas e se já existem alterações nos glóbulos brancos, que podem estar diminuídos ou aumentados, o que pode indicar a presença de células leucêmicas (conhecidas como blastos) no sangue do paciente.
“Existem também exames adicionais e testes que auxiliarão na compreensão do prognóstico da doença e na definição do tratamento. Um exemplo disso é o mielograma9, que é usado para quantificar as células leucêmicas presentes na medula óssea do paciente. Para definição do tipo de leucemia utilizamos técnicas de imunofenotipagem. Os exames citogenéticos e moleculares que identificam alterações cromossômicas e mutacionais são fundamentais para classificação prognóstica e dessa forma escolher a melhor abordagem terapêutica”, adiciona a médica.
O que existe de inovação em tratamento hoje
“O tratamento é definido de acordo com o histórico, idade e saúde do paciente7”, explica a Dra. Mariane
“A evolução no tratamento de cânceres no sangue tem como principal objetivo aumentar a sobrevida do paciente, preservando a sua qualidade de vida. Hoje, encontramos avanços nos tratamentos de leucemias que atendem sobretudo a população idosa, que pode não conseguir passar por um tratamento padrão ou até mesmo por um transplante de medula óssea, seja por conta da idade, função orgânica anormal e das comorbidades que o paciente apresenta”, adiciona o especialista. Estima-se que 50% dos pacientes sejam inelegíveis[12] para os principais tratamentos.
Dentre as opções disponíveis atualmente, o tratamento dos cânceres hematológicos pode incluir quimioterapia[13], que tem como objetivo destruir, controlar ou inibir o crescimento de células doentes; imunoterapia, que estimula o sistema imunológico do organismo a destruir as células cancerígenas[14]; e as terapias-alvo, que atuam especificamente nas alterações genéticas causadas pela doença13, protegendo também as células saudáveis.
“No tratamento de LMA, é de extrema importância que a equipe médica responsável tenha uma visão global da doença, avaliando, inclusive, o estado de saúde do paciente. Da mesma maneira, é fundamental que o paciente mantenha um diálogo aberto com o médico sobre seus sintomas e inseguranças. Dessa forma, juntos, podem chegar a melhor solução terapêutica, impactando positivamente o prognóstico do paciente”, finaliza.
Referências:
[1] Link / [2] Link / [3] Link / [4] Link
[5] American Cancer Society (2020). What Is Acute Myeloid Leukemia (AML)?. Link
[6] National Cancer Institute. Adult Acute Myeloid Leukemia Treatment (PDQ)-Patient Version. Link
[7] Link / [8] Link / [9] Link / [10] Link / [11] Link
[12] Yoon J, Byung-Sik C, Hee-Je K, Jung-Ho K et al. Outcomes of elderly de novo acute myeloid leukemia treated by a risk-adapted approach based on age, comorbidity, and performance status. American Journal of Hematology. 2013; 88:1074–1081.
[13] Link / [14] Link