Grupo francês vai investir 800 milhões de euros nos próximos nove anos para reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa em suas operações globais
Após aderir à iniciativa Science Based Targets (SBTi) no fim de 2022 e iniciar um processo para estabelecer um plano de descarbonização em conformidade com o Acordo de Paris, o Grupo Tereos anunciou hoje seu programa para zerar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2050, no máximo, em toda a sua cadeia de valor, desde as atividades agrícolas até a transformação e comercialização dos seus produtos.
Parceria entre o CDP (Carbon Disclosure Project), o Pacto Global das Nações Unidas, o World Resources Institute (WRI) e o World Wide Fund for Nature (WWF), o SBTi é uma iniciativa para mobilizar o setor privado em relação às mudanças climáticas e limitar o aquecimento global a 1,5º C.
Para cumprir seu compromisso, a Tereos planeja acelerar de forma significativa sua transição energética nos próximos nove anos, reduzindo o consumo de energia, melhorando a eficiência energética e eletrificando processos de produção. Nesse período, o Grupo vai investir 800 milhões de euros em suas unidades industriais a fim de reduzir suas emissões de GEE em 50% em todo mundo e em 65% na Europa.
Um total de 78 grandes projetos serão implantados antes de 2033 em 16 unidades industriais da Tereos, que é o primeiro grupo francês de açúcar e amido, e também a primeira empresa brasileira do setor sucroenergético, a assinar o mais alto nível de compromisso do SBTi.
Ao adotar a abordagem FLAG (Forest, Land and Agriculture), que leva em conta as emissões de gases de efeito estufa associadas ao uso da terra em sua pegada de carbono, a Tereos também se compromete em relação às suas atividades agrícolas, que respondem por 47% das emissões totais do Grupo. O objetivo é reduzir essas emissões de GEE em 36% até 2033 (escopos 1 e 3, em comparação a 2023).
A descarbonização das atividades agrícolas passa também pela implementação de uma estratégia de desmatamento zero. Até o final de 2025, o Grupo garantirá 100% do fornecimento de matérias-primas agrícolas provenientes de áreas não desmatadas, o que pressupõe rastreabilidade e garantias sobre sua origem.
“Garantir a rastreabilidade do campo até o produto final é um ponto forte na execução da nossa estratégia. Como grupo agroindustrial líder em seus mercados, é essencial que a Tereos continue a acelerar suas ações em termos de descarbonização”, afirma Olivier Leducq, CEO global da Tereos.
Iniciativas no Brasil
No Brasil, o compromisso da Tereos com a descarbonização tem como um de seus principais pilares o investimento em biogás e biometano, combustível gerado a partir da vinhaça, um coproduto da produção de etanol, e uma alternativa limpa ao diesel. A empresa inaugurou em 2022 sua primeira planta de biogás em Olímpia (interior de São Paulo) e já realizou testes para o uso do biometano no abastecimento de seus caminhões canavieiros. A meta é que, até 2030, 100% desses equipamentos utilizem esse combustível em substituição ao combustível fóssil.
Além disso, a Tereos no Brasil vem implementando ações que auxiliam na redução do consumo de diesel, como a renovação da frota de caminhões por veículos mais modernos e que emitem menos CO2 (com tecnologia Euro 6), utilização de diesel aditivado S-10, menos poluente e mais eficiente do que o diesel S-500, e otimização das operações por meio de um acompanhamento em tempo real feito pelo COA (Centro de Operações Agroindustriais).
Com esse conjunto de ações, foi possível reduzir o consumo de diesel em mais de 3,4 milhões de litros ao longo de 2023 em relação ao ano anterior, o que significa que a empresa deixou de emitir 9 mil toneladas de CO2 no período.
Na área agrícola, a empresa vem adotando o uso de fertilizantes orgânicos em detrimento dos minerais nitrogenados, e a redução no uso de calcário e gesso, por exemplo, levando a ganhos de performance ambientais, agronômicas e operacionais. Iniciativas com fertilizantes de baixa emissão e estudos sobre potenciais parcerias em fertilizantes verdes também estão em andamento.
“Nosso negócio em si já tem uma pegada de carbono mais baixa em relação a outras culturas, dada a lógica da economia circular da cana-de-açúcar, em que praticamente 100% da matéria-prima pode ser reaproveitada. O uso de energia renovável proveniente da biomassa é o grande diferencial competitivo em termos de carbono. No entanto, seguimos buscando novas oportunidades para continuar reduzindo nosso impacto no meio ambiente, alinhadas com as nossas metas globais de descarbonização”, explica Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos no Brasil.
Por aqui, mais de 70% da cana-de-açúcar processada pela empresa já é certificada. Até 2029/30, a meta é ter pelo menos 75% da matéria-prima avaliada e reconhecida como sustentável.