Na era digital contemporânea, os conteúdos pornográficos estão mais acessíveis e são produzidos em volumes nunca antes vistos. Em vista dessa realidade, fica a dúvida: será que pornografia faz mal à saúde?
Antes de respondermos a essa pergunta, dá só uma olhada nos dados que separamos para contextualizar esse tema.
De acordo com estudo realizado no Brasil pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 12 anos é a média de idade em que brasileiros começam a consumir pornografia.
Segundo Marco Scanavino, psiquiatra, professor do IPq e responsável pela pesquisa no Brasil, “as pessoas podem ter dificuldade em engajar com seus parceiros na ‘vida real’, pois o contato com a pornografia ocorre em uma fase que antecede as primeiras experiências sexuais”.
Outra estatística que dá mais contexto a esse assunto trata do perfil de quem consome conteúdos pornográficos com maior frequência.
Dados do Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado mostram que mais de 22 milhões de brasileiros assumem consumir pornografia – sendo 76% homens e 24% mulheres. Ainda, a maioria desses consumidores são jovens; 58% têm menos de 35 anos.
Tendo tudo isso em vista, o vício em pornografia e seus os potenciais impactos na saúde física e mental daqueles que a consomem são tópicos que merecem uma reflexão.
Neste artigo, vamos esclarecer se pornografia faz mal à saúde, como as relações são afetadas e se é mesmo necessário fazer o “detox” desse tipo de conteúdo ou se dá para encontrar o equilíbrio no consumo de pornografia.
Antes, vale a pena pontuar que nosso objetivo não é impor julgamentos, mas sim apresentar informações claras e com base em evidências para que você possa ter uma compreensão mais profunda sobre essa temática.
Pornografia faz mal à saúde?
Não necessariamente. Os efeitos da pornografia na saúde tendem a ser mais preocupantes quando há o consumo excessivo desse tipo de conteúdo, podendo causar a dessensibilização sexual, expectativas irreais sobre relacionamentos e autoimagem distorcida.
Fisicamente, o excesso de conteúdos pornográficos pode gerar um quadro de disfunção erétil. Isso acontece porque o organismo fica “acostumado” a sentir tesão apenas quando recebe esse tipo de estímulo.
Porém, ainda não existe um consenso definitivo por parte da comunidade médica e científica sobre os efeitos do vício em pornografia.
No geral, a relação entre pornografia e saúde é influenciada por fatores individuais, como frequência de consumo e atitudes pessoais.
Quais são os efeitos da pornografia na saúde?
A influência da pornografia na saúde é uma questão controversa. Seus efeitos podem se revelar mais complexos do que a simples satisfação momentânea.
Dessensibilização sexual
Uma das consequências do consumo excessivo de pornografia é a dessensibilização sexual, condição em que o indivíduo se torna menos responsivo a estímulos sexuais “convencionais”.
Como a exposição a estímulos externos e pouco realistas presentes na pornografia é constante, fica mais desafiador ficar excitado em relações íntimas com parceiros na vida real.
Expectativas irrealistas
Os conteúdos pornográficos costumam apresentar situações e corpos ideais que quase nunca refletem a realidade. Isso tende a criar expectativas irrealistas sobre como deve ser o desempenho sexual, a aparência física e os comportamentos na hora da intimidade com o parceiro.
Relações afetadas por pornografia
O consumo exacerbado de material pornográfico pode impactar negativamente as relações interpessoais.
A pornografia é capaz de desencadear conflitos nos relacionamentos devido às já mencionadas expectativas irreais, acrescidas de inseguranças, insatisfações por não alcançar a mesma “performance” do que vê em tela, distorção da autoimagem e baixa autoestima.
Saúde mental comprometida
A pornografia em excesso é apontada como um dos fatores capazes de agravar quadros de depressão e ansiedade. Ela está associada ao isolamento, à dificuldade de estabelecer relações reais com outras pessoas e à busca constante por novos estímulos sexuais.
Além disso, os impactos psicológicos da pornografia pode afetar a vida cotidiana, causar distração no trabalho e prejudicar a qualidade de vida.
Disfunção erétil
Em adição aos impactos psicológicos da pornografia, a chamada disfunção erétil induzida por pornografia também é um dos efeitos que devem ser considerados por quem consome esse tipo de conteúdo excessivamente.
Isso acontece porque o cérebro fica “programado” a responder apenas a estímulos sexuais de origem pornográfica. Fica mais difícil atingir e manter a plena ereção durante o sexo na vida real.
Detox de pornografia: é mesmo necessário?
Apesar dos potenciais efeitos negativos que citamos anteriormente, não é necessário abolir radicalmente os conteúdos pornográficos da sua vida.
Na verdade, o equilíbrio no consumo de pornografia pode até ser benéfico. O ato de se masturbar com esse tipo de estímulo favorece a compreensão do próprio corpo e da sexualidade, além do alívio de estresse e liberação dos hormônios da felicidade durante o orgasmo.
Ou seja, é crucial adotar uma abordagem equilibrada. Considere os possíveis impactos e tenha cautela para que esse hábito não se torne um vício.
Caso você perceba que a pornografia está tomando muito do seu tempo e comprometendo suas relações interpessoais e outros aspectos da sua vida, não hesite em procurar ajuda de um especilista, como psicólogos e sexólogos.
Esses profissionais vão te ajudar a entender melhor e tratar as causas subjacentes dessa provável dependência.
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