Atualmente, 650 pessoas esperam na fila; chance de compatibilidade na população geral é de uma em 100 mil
Estamos no período de férias, e durante ele, é crucial lembrarmos da importância de um gesto que transcende a festividade: a doação de sangue. É nesta época que os bancos de sangue mais necessitam de doações, pois os acidentes tendem a aumentar e os estoques ficam baixos. Esta temporada oferece uma oportunidade para refletir sobre como um simples ato pode fazer a diferença na vida de quem tanto precisa. Além disso, há um aspecto igualmente importante: o registro como doador de medula óssea, um passo que pode abrir portas para a esperança em meio a momentos desafiadores.
Quando falamos de doação de órgãos, é comum associarmos a ideia de ser doador apenas após o falecimento. Mas você sabia que é possível ajudar outra pessoa ainda em vida? A doação de medula óssea é uma forma de dar uma nova oportunidade a quem precisa. Para entrar no cadastro de doadores, basta informar o interesse quando for doar sangue e aguardar ser chamado quando aparecer um paciente compatível.
Atualmente, a fila de espera para doação de medula tem 650 pessoas, segundo o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Em 2023, já foram realizados mais de 1.900 transplantes de medula no país. Há algumas regras para ser doador de medula: ter entre 18 a 35 anos, não ter doenças transmissíveis e estar em bom estado de saúde.
Apesar do cadastramento, não é certo que a pessoa será chamada, pois é difícil encontrar compatibilidade. Entre irmãos, a taxa é de 25%, já entre a população geral as chances são de uma a cada 100 mil. “É importante lembrar-se de atualizar seus dados no Redome. Se você for compatível com um paciente, teremos de contatá-lo rapidamente. A vida do paciente depende disso, de fazer o tratamento no momento certo. Se perdermos o momento, a doença pode progredir”, destaca a Dra. Carmen Vergueiro, hematologista e coordenadora técnica da Associação da Medula Óssea (AMEO).
O procedimento
A doação pode ser feita de duas formas: por coleta no osso da bacia ou pela veia. “O procedimento é relativamente simples, no entanto, se a coleta for feita no osso da bacia, existe a necessidade de anestesiar o doador para que ele não sinta dor, e isto inclui o risco anestésico, que é baixo para uma pessoa saudável. Depois da coleta, o doador poderá sentir dolorido o local em que foi colocada a agulha e em geral desaparece em poucos dias. Se a coleta for feita pela aférese – pela veia -, o doador pode se sentir com sintomas gripais, como dores nos ossos e dor de cabeça, mas que cede com analgésicos”, explica a Dra. Carmen.
Doação de órgãos
Quem doa órgãos pode beneficiar e salvar, pelo menos, dez vidas. Atualmente, o Brasil possui 65 mil pessoas na fila de transplante de órgãos, o mais aguardado é o rim, que conta com mais de 36 mil pessoas na fila, seguido pela córnea, com cerca de 25 mil à espera. Em seguida vem o fígado, com 2.228 solicitações, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Durante todo o ano acontecem diversas campanhas em prol da conscientização sobre a doação de órgãos. Neste ano, a campanha “Transforme-se” tem este objetivo. O projeto conta com uma série de vídeos documentais, em que transplantados contam suas histórias de vida e todo o processo de receber um novo órgão, além de postagens e publicações que visam a conscientização.
A campanha é apoiada por organizações sociais, entre elas o Instituto do Bem, Instituto Gabriel, Associação da Medula Óssea (AMEO) e Associação Brasileira de Transplantados (ABTx), e transmite a mensagem de que, por meio da doação, a vida de outras pessoas pode continuar. O ato é também a esperança que renasce para quem está na fila.