A fonoaudióloga Carla Deliberato dá dicas essenciais para facilitar essa fase dos pequenos e torná-la mais prazerosa
A fase de introdução alimentar é gostosa, mas pode ser completamente desafiadora para os pais e responsáveis. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a oferta de alimentos à criança deve ocorrer a partir dos seis meses. Esse período com os pequenos exigirá paciência, disciplina e muito cuidado. Algumas dicas podem ser essenciais para facilitar o processo e torná-lo prazeroso para todos os envolvidos.
Carla Deliberato, fonoaudióloga especializada em dificuldades alimentares, explica que a introdução alimentar pode e deve ser facilitada cerca de um mês antes de seu início. Quando o bebê completa cinco meses, já é possível apresentá-lo ao mundo dos alimentos, com o intuito dele entender que aquilo não pertence a um território estranho. Ele ainda não irá comer, mas já pode descobrir que os alimentos existem.
“Colocar a criança ao redor da mesa, para observar o que os outros estão comendo, pode gerar interesse. Deixe a criança cheirar, ver que as pessoas comem, que existe uma mesa com a refeição”, diz a profissional.
Nessa idade, os pequenos também podem começar a se acostumar a sentar no cadeirão, para que não haja um estranhamento. “Deixa a criança sentada lá uns minutinhos, brincando com os itens que ela está acostumada, aos poucos ela vai vendo que essa cadeira também gera um momento gostoso, que ela pode ter momentos agradáveis ali. Os mordedores são ótimos nesse momento de desenvolvimento também, pois irão preparar o movimento de levada dos alimentos à boca”, enfatiza Carla.
Atualmente existe mais de um método de introdução alimentar. O mais tradicional é aquele que o alimento é fornecido ao bebê em formato de papinha. Já o BLW, é quando os pequenos podem comer os alimentos in natura, de diferentes texturas, formatos e tamanhos. No entanto, é o método participativo que Carla acredita ser o mais eficaz.
“Em uma abordagem participativa, existe uma mescla da abordagem tradicional com a BLW. Você pode oferecer tanto papinhas, quanto alimentos mais sólidos, mas o importante é focar na participação da criança no processo. É um método mais flexível e respeitoso com a rotina e adaptação de cada criança, que favorece um contato leve e dinâmico de aprendizagem”, ressalta a fonoaudióloga.
Segundo a especialista, o bebê explora a comida com as mãos, mas também é alimentado pelos cuidados com a colher.
Carla Deliberato ainda separa dicas para lidar com a alimentação das crianças quando elas já estiverem mais grandinhas, com total maturidade para lidar com os alimentos. Confira!
Brincando com os sentidos: a alimentação pode ser uma experiência sensorial divertida. Ofereça alimentos coloridos, texturas diversas e aromas envolventes. Encoraje os pequenos a tocar, cheirar e provar novos alimentos enquanto exploram suas preferências.
Receitas criativas: Juntos, preparem receitas simples e saudáveis. Permita que as crianças participem do processo de escolha dos ingredientes também!
Jogos e atividades sensoriais: crie jogos divertidos que envolvam os sentidos, como identificar diferentes texturas vendadas ou adivinhar o sabor de alimentos escondidos.
Vale ressaltar que se a criança apresentar recusa ou certa seletividade alimentar, é necessário observar os motivos e buscar ajuda profissional.
Sobre Carla Deliberato:
Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.
Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE),
Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.
Passou a entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando descobriu que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas recorrentes durante o processo de introdução alimentar.