A dieta com restrição ao glúten é a principal forma de tratamento para a doença celíaca; saiba mais sobre essa condição
No Brasil, a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA) estima que cerca de 2 milhões de pessoas enfrentam diariamente um desafio alimentar que vai além das preferências pessoais ou dietas da moda. São os celíacos, indivíduos que vivem com uma condição médica conhecida como doença celíaca.
Esta é uma reação alérgica severa ao glúten, uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada e centeio. Para esses brasileiros, a simples escolha de alimentos pode ser uma tarefa complexa e, muitas vezes, repleta de incertezas.
Neste artigo, vamos explorar o mundo da alimentação sem glúten e compartilhar dicas valiosas sobre como fazer escolhas inteligentes de ingredientes e refeições para viver plenamente, mesmo com a doença celíaca. Afinal, uma vida sem glúten não significa uma vida sem sabor ou variedade.
O que causa a doença celíaca?
A doença celíaca é uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada e centeio. Quando um celíaco consome alimentos ou produtos que contenham glúten, seu sistema imunológico reage de forma anormal, atacando erroneamente as células saudáveis do revestimento do intestino delgado.
A principal causa da doença é uma predisposição genética. Isso significa que ela tende a ocorrer em famílias, e os indivíduos com esse histórico familiar têm um risco maior de desenvolvê-la. No entanto, nem todos os parentes desenvolvem a condição, pois fatores ambientais também desempenham um papel importante.
Além da predisposição genética, outros aspectos podem contribuir para o desenvolvimento da doença celíaca. Eles incluem infecções virais ou bacterianas na infância, certos eventos médicos, como cirurgia gastrointestinal, e o momento de introdução de glúten na dieta de uma criança. Porém, a presença do gene predisponente é essencial para o desenvolvimento da doença.
Quando a doença celíaca se manifesta e como ter o diagnóstico?
A doença celíaca pode se manifestar em qualquer idade, desde a infância até a vida adulta, e os sintomas variam de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns da doença celíaca:
Problemas gastrointestinais
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Diarreia crônica ou frequentes evacuações líquidas;
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Constipação;
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Dor abdominal e inchaço;
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Náusea e vômito;
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Má absorção de nutrientes, levando a perda de peso e falta de crescimento em crianças.
Sintomas não gastrointestinais
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Fadiga persistente;
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Anemia, devido à má absorção de ferro;
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Irritabilidade e mudanças de humor;
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Dores de cabeça;
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Erupções cutâneas, como dermatite herpetiforme;
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Dor nas articulações e ossos;
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Osteoporose devido à má absorção de cálcio;
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Formigamento ou dormência nos membros devido à deficiência de vitaminas;
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Problemas menstruais.
Sintomas em crianças
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Atraso no desenvolvimento;
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Irritabilidade e mudanças de comportamento;
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Falta de apetite;
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Baixo peso e estatura;
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Barriga inchada;
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Fezes pálidas e com odor forte.
É importante notar que essa condição pode ser assintomática em alguns casos, o que significa que uma pessoa pode ter danos no intestino delgado causados pela doença sem experimentar sintomas óbvios. Isso torna o diagnóstico precoce desafiador, mas é crucial identificá-la, uma vez que pode causar danos a longo prazo à saúde, incluindo problemas nutricionais e complicações como a osteoporose.
O diagnóstico da doença celíaca geralmente envolve exames de sangue para detectar anticorpos específicos e, em seguida, uma biópsia do intestino delgado para confirmar a presença de danos característicos no revestimento intestinal.
Uma vez diagnosticada, o tratamento envolve a eliminação completa do glúten da dieta, o que geralmente leva à melhora dos sintomas e à recuperação do revestimento intestinal em muitos casos. A orientação médica é fundamental para o manejo adequado da doença celíaca.
Como é feito o tratamento?
O tratamento principal para a doença celíaca é a eliminação completa do glúten da dieta. Isso significa evitar alimentos e produtos que contenham trigo, cevada, centeio e seus derivados, pois todos esses cereais contêm a proteína desencadeadora da doença, o glúten. Dentre os principais passos para o tratamento estão:
Dieta sem glúten
O pilar do tratamento da doença celíaca é seguir uma dieta rigorosamente isenta da proteína. Isso envolve a eliminação de alimentos e produtos que contenham qualquer forma de glúten.
Alimentos que devem ser evitados incluem pães, massas, bolos, biscoitos, cereais à base de trigo, cerveja e muitos alimentos processados que podem conter a substância, como espessante ou agente de textura.
Substituições seguras
Substituir alimentos que contêm a proteína por opções seguras é fundamental. Felizmente, existem muitos produtos gluten free disponíveis no mercado, incluindo pães, massas, farinhas, cereais e até mesmo cervejas sem glúten.
Além disso, ingredientes naturais como arroz, milho, batata, quinoa, amaranto e legumes são ótimas alternativas na dieta sem glúten.
Atenção à contaminação cruzada
Além de evitar conscientemente alimentos com glúten, é importante ter cuidado com a contaminação cruzada. Isso significa garantir que utensílios de cozinha, superfícies e equipamentos estejam limpos e livres de resíduos da proteína.
Muitas pessoas com doença celíaca também preferem alimentos rotulados como “livres de glúten” para ter certeza de que não houve contaminação acidental.
Acompanhamento médico e monitoramento dos sintomas
É crucial fazer um acompanhamento médico regular com um gastroenterologista ou especialista em doença celíaca. Os exames de acompanhamento podem incluir testes de sangue para verificar os níveis de anticorpos relacionados ao glúten e, ocasionalmente, biópsias intestinais para avaliar a cura do intestino.
Educar-se sobre a doença celíaca e buscar apoio de grupos de apoio ou organizações relacionadas à doença celíaca pode ser valioso para lidar com os desafios emocionais e sociais associados à dieta sem glúten.
Após a adoção da dieta sem a proteína, é importante monitorar os sintomas e relatar qualquer recorrência ao médico. Algumas pessoas podem experimentar melhorias significativas em questão de semanas, enquanto outras podem levar mais tempo para se recuperar completamente.
A aderência estrita à dieta sem glúten é essencial para a saúde e o bem-estar das pessoas com essa condição, pois com ela é possível viver uma vida plena e saudável, sem comprometer o prazer da comida.
Com a crescente conscientização sobre a doença e uma ampla gama de produtos e ingredientes alternativos disponíveis, a comunidade celíaca está mais bem equipada do que nunca para enfrentar essa condição com confiança. Lembre-se sempre de buscar orientação médica, educar-se sobre a condição e contar com o apoio de amigos e familiares.