Profissional da Hapvida NotreDame Intermédica fala dos efeitos colaterais da superdosagem; após susto, mãe deixa mensagem de alerta
O uso de descongestionante nasal pode ser algo corriqueiro entre adultos e crianças, principalmente diante da sensação de estar com o nariz entupido. Apesar de paliativo, sua utilização é contraindicada na faixa pediátrica já que pode ocasionar graves efeitos colaterais, entre eles paradas cardiorrespiratórias.
A coordenadora médica da UTI pediátrica do Hospital Regional de Franca, integrante da Hapvida NotreDame Intermédica, Cristina Nascimento Lassie, diz que em razão dos riscos não existe uma dose correta da medicação e, por isso, alerta para o seu uso irregular.
“Não existe dose segura para a faixa pediátrica e os pais devem observar a presença de descongestionantes tais como a nafazolina, pois ela é contraindicada para as crianças”, revela a médica.
Justamente por essa razão, os tutores devem ficar atentos na hora da compra do descongestionante nasal. Deve ser observado, principalmente, se ele é liberado para uso em crianças ou não.
“A nafazolina, há mais de dez anos, é proibida pela ANVISA em medicamentos de uso nasal infantil. Mas, como ela está presente nos descongestionantes de adulto, e os nomes e apresentações são semelhantes, acaba havendo uma confusão”, explica a profissional.
Diante da possibilidade de equívoco com a embalagem, a médica também aconselha a guardar o descongestionante nasal longe do alcance das crianças. Segundo ela, outro erro comum é que muitos pais compram um único produto para uso comum em família, o que acaba ocasionando a utilização indevida pelo público infantil.
“Nas crianças, os efeitos colaterais podem ser sérios. Por isso, é necessário o cuidado redobrado no momento da compra. Não pode deixar em local de fácil acesso, pois muitas crianças acham que é só um sorinho”, adverte Cristina.
Em substituição ao descongestionante nasal, a médica recomenda como única medida segura e eficaz para diminuição da obstrução das vias aéreas em crianças, a lavagem nasal com soro fisiológico.
Efeitos colaterais
O descongestionante nasal age reduzindo o inchaço dos vasos. Porém, como efeito colateral pode causar náuseas, dor de cabeça, sudorese excessiva, além de baixar a pressão arterial e a frequência cardíaca.
“Os sintomas mais leves vão desde uma sonolência a uma alteração de pressão e da frequência cardíaca, mas essa sonolência pode variar até o coma nos casos mais graves”, detalha a médica pediatra.
Relato de uma mãe
Em Franca, Mariana Bertoni vivenciou uma experiência traumática com a filha Sophia, de 5 anos. A pequena precisou ser internada e monitorada às pressas após intoxicação pelo uso de descongestionante nasal. “Sei o tanto que isso soa ridículo. Eu também achava até minha baixinha quase ter uma parada cardíaca por conta desse medicamento”, relata a mãe.
Segundo ela, era comum a compra de mais de um descongestionante nasal ao mesmo tempo na família e as embalagens ficavam espalhadas pela casa. “Nunca parei para dar atenção em colocar o remédio fora do alcance da Sophia. Até o dia em que ela usou o remédio sem eu saber e teve sérios riscos de saúde. Chegou no hospital com sudorese excessiva, gelada e com os batimentos cardíacos em menos de 50”, relembra Mariana.
A menina foi socorrida a tempo e após o susto, a mãe deixa uma mensagem de alerta. “Os pais devem se certificar que os medicamentos não estão ao alcance das crianças. Além disso, devem prestar atenção aos detalhes da rotina da família e ao usar medicamentos na frente dos pequenos, pois somos o espelho deles”, finaliza.