Hoje, 30 de agosto, é o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM). A data, instituída graças à luta da ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), conta com a Lei federal 11.303/2006. Ela representa uma conquista fundamental na luta pela divulgação e pelo reconhecimento da doença no cenário brasileiro, sendo muito importante para os pacientes e, principalmente, seus familiares.
Para auxiliar na compreensão do assunto, o Dr. Silvio Pessanha Neto – médico, doutor em neurologia e CEO do IDOMED (Instituto de Educação Médica) – informa que a Esclerose Múltipla é uma doença neurológica caracterizada por um processo inflamatório, no qual o sistema imunológico passa a não reconhecer estruturas do sistema nervoso como próprias, agredindo-as. O principal foco desse ataque imunológico é uma célula responsável pela produção de uma “capa protetora” dos prolongamentos dos nossos neurônios, equivalentes a “fios elétricos”, comprometendo suas funções. As áreas mais afetadas são o cérebro e a medula espinhal. Por esse motivo, os sintomas mais comuns estão associados a anormalidades na visão e movimento dos olhos, dormência, fraqueza, rigidez muscular, disfunção urinária e sintomas cognitivos leves.
“Não há um agente causador reconhecido, sendo classificado como uma doença sem uma causa específica, mas existem fatores que aumentam o risco de desenvolvimento e gravidade da doença. Ter sofrido infecções virais severas, concentrações insuficientes de vitamina D devido ao baixo grau de exposição à luz solar e ser tabagista estão entre os principais fatores. Trata-se de uma condição mais comum em mulheres, com idade de início variando de 15 a 60 anos, tipicamente entre 20 a 40 anos, e costuma evoluir com surtos e remissões, ou seja, momentos de “crise” e outros sem ou com poucos sintomas. Em um grupo menor de pessoas, a condição pode já começar evoluindo com muitas sequelas ou progredir para esse estágio progressivo ao longo dos anos, principalmente se o paciente não for corretamente diagnosticado, acompanhado e medicado”, comenta o Dr. Silvio Pessanha Neto.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, no Brasil, aproximadamente 40 mil pacientes têm o diagnóstico de esclerose múltipla. Para a adequada realização do diagnóstico, ao surgir qualquer um dos sintomas descritos anteriormente, o paciente precisa procurar um neurologista para realizar um exame físico neurológico minucioso, a fim de descartar outras causas e solicitar exames complementares, se necessário. O diagnóstico definitivo é baseado nos resultados de exames de ressonância magnética do crânio e da coluna, além do exame do líquor, que é o líquido que protege a medula espinhal e é coletado na região lombar.
Vale destacar que a maior incidência da Esclerose Múltipla em certas famílias e a presença de genes relacionados a ela sugerem uma condição cuja predisposição ou suscetibilidade genética está presente. Como se trata de uma condição que não tem cura ou uma forma clara de prevenção, é muito importante observar e estabelecer alguns cuidados para garantir que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida por mais tempo. A ciência demonstrou que os pilares mais importantes nesse sentido são uma alimentação saudável e a realização de atividade física regular, além do diagnóstico precoce e do acompanhamento neurológico contínuo e qualificado, buscando retardar as eventuais sequelas causadas pela doença.