De acordo com Olivia Tani, terapeuta materno-infantil, estudos comprovam que o bebê é um ser consciente desde o ambiente intrauterino
É a partir do encontro de duas células reprodutoras que surge a uma nova vida. Quando essas células se multiplicam e evoluem até a fase de implantação, começa a primeira relação entre a mãe e seu filho: este filho, ainda em forma de um aglomerado de células, se funde à parede do útero de sua mãe e, a partir desse momento, começa a se nutrir de tudo o que vem dela: seus nutrientes alimentares e emocionais.
Na corrente sanguínea da mulher estão presentes os neurormônios secretados pelo organismo conforme o seu estado emocional. Toda a neuroquímica chega inevitavelmente ao embrião em formação, impactando na forma como seu cérebro e demais órgãos devem se desenvolver. Mas não apenas isso. A base da estrutura de personalidade do ser humano também está sendo construída a partir das emoções vividas pela gestante dia a dia durante os meses em que carrega seu filho (ou filhos) no ventre.
Tudo isso já vem sendo largamente estudado e comprovado por centenas de estudos ao redor do mundo há décadas em países como os Estados Unidos, que neste ano sediará o congresso internacional em comemoração aos 40 anos de estudos da Psicologia de gestação e nascimento. (https://birthpsychology.com/
A terapeuta materno-infantil Olivia Tani (@olivia_tani no Instagram), que é uma das pioneiras em divulgar esse conhecimento para as mães no Brasil, explica que o bebê não nasce uma folha em branco, como popularmente costuma se pensar. Pelo contrário, todo bebê já manifesta a partir do momento em que nasce as experiências mais marcantes que viveu durante sua gestação. Desde o momento da amamentação, as dificuldades que já aparecem nesse contato com sua mãe, são repercussões de como foi sua experiência de nutrição intrauterina. Como a neuroquímica das emoções da mãe chegavam juntamente com o seu alimento, a forma como o bebê vivenciou a nutrição influenciará na forma como ele vai se relacionar com sua mãe e o alimento.
Assim como na dificuldade mais comum em bebês e crianças, que á e dificuldade em dormir um sono reparador e tranquilo. O sono é altamente sensível ao estado emocional do ser humano. Isso podemos facilmente comprovar em adultos onde um fato emocionalmente relevante altera o padrão de sono. Mas não se considera que o bebê já é um ser com emoções desde o útero e por isso a forma como ele consegue ou não dormir e relaxar é resultado das experiências estressantes e traumáticas vividas junto com sua mãe ou na forma como aconteceu o seu nascimento.
Olívia explica que cada bebê sinaliza através dos seus comportamentos e sintomas o que foi relevante e impactante na experiência intrauterina a partir da perspectiva dele. Por exemplo, um estresse que a mulher já estava acostumada a passar no trabalho não causou grande impacto na gestante, mas conforme o momento de desenvolvimento do filho, se ainda era um embrião em estágio inicial e altamente sensível à descarga hormonal, este momento de estresse tem um impacto considerado dezenas a centenas de vezes mais forte que no corpo da adulta.
E se esse estresse no trabalho era algo constante, então haverá impacto na forma como o cérebro, os órgãos, os músculos e ossos, e a personalidade do bebê se desenvolverá. Em situações deste tipo, é comum os bebês nascerem com pernas e braços mais longos, o cérebro em modo de hipervigilância, ou seja, com dificuldade em relaxar e concentrar, e com personalidade mais irritadiça, com baixa tolerância a estresse.
“O que os filhos manifestam na infância é reflexo do que eles sentiram quando estavam ainda na barriga. E tomar essa consciência é fundamental para entender onde está a raiz dos comportamentos difíceis ou disfuncionais para buscar ajuda adequada para tratar das memórias intrauterinas e de nascimento”, diz.
A terapeuta reforça que é possível tratar as memórias do que houve no histórico de gestação e nascimento em qualquer idade, e por isso, não há motivo para se afundar na culpa e achar que não há mais solução para o que houve no passado.
“Esse conhecimento é pouco difundido no Brasil e por isso a maioria dos profissionais que lidam com gestantes também não fazem ideia do quanto é essencial proteger o estado emocional das gestantes. Que não basta apenas tratar a saúde física da grávida, é primordial cuidar da saúde mental e emocional em conjunto pelo bem de todo ser humano sendo gerado.”
A indicação da terapeuta para cuidar as memórias intrauterinas é que se busque por terapias holísticas que atuem nos pilares mental e emocional dos bebês e crianças como a terapia floral, aromaterapia, e terapias energéticas que acessam as informações que estão no inconsciente dos filhos atuando nos sintomas e comportamentos.
Não são todos os profissionais que sabem cuidar da profundidade das memórias intrauterinas. Por isso, Olívia está trabalhando para difundir este conhecimento para mais e mais pais e profissionais.