Especialista explica os principais riscos da presença de telas, como celular, na fase inicial da vida
Atrair a atenção das crianças para atividades rotineiras pode ser um grande desafio e atualmente telas como celulares, tablets e televisão tem sido uma ferramenta para atrair os pequenos. Mas, utilizar esse recurso no longo prazo pode ser prejudicial, pois alguns momentos como as refeições, é preciso evitar distrações e trazer a concentração para o alimento que está sendo consumido.
“Quando está na frente de uma tela, toda a concentração está naquilo que ela está vendo e ouvindo, quando ela deveria estar com o foco total nos alimentos que está consumindo. Isso pode atrapalhar o desenvolvimento do paladar, já que a criança aos poucos vai perdendo a habilidade de identificar os sinais de saciedade enviados pelo corpo” explica a fonoaudióloga especialista em motricidade oral com experiência em casos de recusa e seletividade alimentar Carla Deliberato.
Essa prática também pode ser perigosa, pois a criança que está se alimentando sem atenção corre grandes riscos de engasgar. Então, é preciso que caso o adulto opte por utilizar telas para ajudar na hora da alimentação esteja sempre supervisionando para identificar alguma mudança no comportamento durante a refeição.
A experiência de uma refeição é muito importante no desenvolvimento de uma criança, já que esse é um momento de exploração, onde ela começa a entender que comer não é apenas ingerir um alimento. Esse momento é também de aprendizagem, já que é preciso tocar os alimentos, levar a boca, entender às texturas, sabores e temperaturas.
Segundo a especialista, as refeições também trabalham o desenvolvimento social. “O momento de se alimentar pode ser considerado uma atividade social, pois é a hora de sentar à mesa e compartilhar com a família e amigos. Esse ambiente trabalha a habilidade de interagir com outras pessoas, então é importante que seja uma ocasião tranquila e acolhedora na rotina diária”, finaliza Carla.
Sobre Carla Deliberato:
Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.
Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.
Passou a entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando descobriu que a segunda filha, a Isabela, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas recorrentes durante o processo de introdução alimentar.