A aplicação de soluções inovadoras e tecnológicas auxilia a administração pública na aceleração de processos e prestação de serviços mais eficientes e transparentes para os cidadãos.
Para acompanhar o avanço acelerado da difusão de dados e informações na era tecnológica, os setores público e privado precisam investir em práticas inovadoras de otimização de tarefas, ou até reformular padrões de produção convencionais. Na administração pública, esse processo é ainda mais desafiador.
Isto decorre, porque o setor ainda carece de investimentos em estratégias de transição e implementação de tecnologias para a realização dessa transformação digital. Neste processo, a concepção de design thinking pode ser considerada como uma solução para lidar com uma complexidade de variáveis, enfrentar desafios e planejar um sistema de gerenciamento de riscos e desenvolvimento de habilidades e recursos tecnológicos.
Entretanto, o que significa o termo design thinking? De acordo com estudo da FIA Business School, é “uma metodologia usada para a criação de novos produtos, serviços, processos ou para a resolução de problemas”. No âmbito do contexto digital, resume-se na soma de duas concepções: “o pensar”, embasado no uso de técnicas de planejamento, criatividade e inovação, mais “aplicação prática”.
Design thinking e o papel da construção de governos digitais com enfoque humanista
Refletir sobre as concepções e os benefícios do uso de tecnologias em design thinking é um desafio enriquecedor. “Por que a gente inova? Como priorizar as tecnologias utilizadas com foco no bem-estar coletivo”, indagou Thaís Zschieschang, cofundadora do Delibera Brasil e pesquisadora em Inovação Pública da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), aos participantes de painel de discussão sobre o tema, durante a 1ª edição do CSC GovTech, o maior encontro de soluções digitais para o setor público, realizada pela plataforma Connected Smart Cities, em São Paulo, no final de abril.
Para o secretário de Governança e vice-presidente de Relações Institucionais da Prefeitura de Maceió e Fórum Inova Cidades, Antônio Carvalho, o caminho favorável para a conquista de resultados positivos é através da promoção de um diálogo aberto e transparente entre o poder público e a sociedade.
“O principal é entender a vocação das cidades, conversando primeiramente com os cidadãos para que se sintam acolhidos e para traçarmos um direcionamento estratégico visando a melhoria dos serviços públicos. Com isso, a participação ativa é algo fundamental para fazer acontecer a inovação”, afirmou o secretário.
Para o sucesso desse processo, há especialistas que recomendam o planejamento e alinhamento de ações determinadas. “Primeiro, precisamos conhecer o problema. Depois, focar na questão da geração e exploração de dados para a busca de soluções”, destacou José Flank Bekemball Gonçalves, gestor de Comunicação da Prefeitura do Recife e colaborador da Porto Digital, um dos principais polos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) do Brasil.
Neste processo, a promoção de boas práticas em comunicação é fundamental para a compreensão de demandas sociais e desenvolvimento de propostas e ações recomendadas. “A comunicação define metas, objetivos e traz soluções para os municípios, desenvolvendo uma cultura de inovação que nos faz ver resultados imediatos”, pontuou José Henrique Santos, Gerente Comercial da Dataprom, de soluções inteligentes para mobilidade.
O gerenciamento inteligente do uso de recursos tecnológicos no setor público pode gerar impactos positivos para a sociedade. “A tecnologia faz parte de um ecossistema de informações e geração de dados. E é essencial para a prevenção de problemas. Para a criação de soluções, é necessária uma simbiose transversal entre governos e cidadãos para a eficiência de negócios inovadores”, destacou o gerente da Dataprom.
Para o processamento de soluções inovadoras e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, é necessário “foco, organização e o estabelecimento de parcerias”, ressaltou Karina Florido Rodrigues, coordenadora do Programa de Cidade Inteligente da Prefeitura Municipal de Jaguariúna.
Importância de práticas de letramento digital para a construção de cidades mais inclusivas
Para a construção de cidades inteligentes, conectadas e inclusivas, o incentivo de ações e projetos educacionais de letramento digital, que envolve a compreensão de técnicas de leitura e elaboração de conteúdos em ambientes digitais, é fundamental. Todo esse processo de alfabetização tecnológica também precisa integrar o ecossistema da esfera pública.
“Há inúmeras alternativas de ferramentas. Estamos falando em processos que temos que avaliar os custos e benefícios e vermos os resultados práticos. Para isso, precisamos ter clareza e responsabilidade no que estamos fazendo”, opinou José Henrique.
Karina Florido Rodrigues destacou a importância de investimentos na expansão da tecnologia 5G, de conectividade de rede móvel, nas cidades brasileiras, para avanço desse processo de alfabetização digital. “Acho que o 5G vai nos ajudar muito com inteligência artificial, mas tem que ver o que vai ser bom para o município”, concluiu.