Doenças do coração como endocardite bacteriana, tem relação com problemas bucais
Ter uma boca saudável vai além de um belo sorriso e questões ligadas apenas à estética. Muitas pessoas não sabem, mas a má higiene bucal está diretamente ligada às doenças cardíacas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que quase metade da população, cerca de 3,5 bilhões de pessoas, sofre de doenças bucais.
A higiene oral deficiente, como a falta dos cuidados de escovação dentária, uso de fio dental e, principalmente, consultas regulares ao Cirurgião-Dentista, ocasiona depósitos bacterianos sobre as superfícies dos dentes o que pode levar a inúmeras doenças bucais. Segundo a professora do curso de Odontologia da UNINASSAU Olinda, Gabriela Brito, existem grupos específicos de bactérias que causam a cárie dentária e outras específicas que provocam a periodontite.
“É uma doença na qual os tecidos que estão ao redor do dente e que o sustentam estão comprometidos, sendo iniciado o processo com a inflamação da gengiva, sangramento durante escovação, inchaço e vermelhidão do local, que se chama gengivite”, explica.
Se a gengivite não for tratada, esses microrganismos tornam-se mais complexos, causando a periodontite, que apesenta, além dos sinais da gengivite, mau hálito, afastamento dos dentes, raiz do dente exposta, perda óssea e até perda dentária. As bactérias bucais são capazes de circular para outras regiões do corpo por meio da corrente sanguínea e se estabelecem no coração. “Micróbios podem se instalar no tecido cardíaco e causar infecções potencialmente graves. Dessa forma, os pacientes com problemas cardíacos devem cuidar da inflamação bucal desde seu início, na gengivite, para prevenção da periodontite”, alerta professora.
A endocardite bacteriana é uma doença que se instala quando microrganismos provenientes de diversas partes do corpo, principalmente da boca, são levados pela corrente sanguínea até uma válvula do coração, onde se fixam. Causando uma infecção nas estruturas internas do coração que pode levar o paciente a internação, e, em casos mais graves pode levar à morte. O diagnóstico baseia-se no exame físico, no levantamento da história clínica e na avaliação dos sintomas que o doente apresenta. Para tanto, é fundamental a consulta ao médico cardiologista, que conduzirá a outros exames específicos.
Ainda de acordo com a dentista, é fundamental que os indivíduos saibam da relação existente entre a má higiene bucal com o desenvolvimento dessas enfermidades, uma vez que a saúde da boca e do coração não se separar.
“A Federação Mundial do Coração e a Federação Europeia de Periodontologia recomendam que todo paciente recém-diagnosticado com doenças cardiovasculares deve ser encaminhado para um Cirurgião-Dentista/Periodontista para realização do tratamento periodontal, que faz parte também do tratamento contínuo do coração”, informa.
O tratamento da reação inflamatória desencadeada pelas bactérias na placa dental, beneficia os pacientes, porque reduz a pressão arterial, o mau colesterol (LDL), assim como os demais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a obesidade e a diabetes.