Coordenador do curso de Odontologia da Anhanguera explica que doenças gengivais podem ter relação com parto prematuro
Considerado um momento extraordinário na vida da mulher, a gravidez gera transformações físicas, emocionais e hormonais na gestante. É nessa fase que o acompanhamento profissional da mãe e do bebê é primordial para garantir uma gestação saudável. Conhecido como pré-natal, esse período é marcado por uma série de exames preventivos que antecipam possíveis complicações e, assim, como todos os cuidados que contemplam ultrassonografias e vacinação, a saúde bucal também deve ser incluída no processo.
De acordo com o coordenador do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, professor Ezequiel Ortiz Rosa, a cartilha de Saúde Bucal da Gestante do Ministério da Saúde informa que os cuidados com a futura mãe e do recém-nascido, denominado como pré-natal odontológico, previne o surgimento de doenças e é fundamental para o processo de desenvolvimento da cavidade bucal.
Os cirurgiões dentistas atuam em duas fases: inicialmente, na avaliação de possíveis alterações causadas na cavidade bucal da gestante e, depois do parto, no monitoramento da saúde bucal do recém-nascido, para orientações sobre amamentação, uso de chupetas e mamadeiras, entre outros. “O objetivo é de prevenir possíveis fatores que podem provocar o nascimento prematuro, além de indicar tratamentos e controlar problemas”, afirma o dentista.
A avaliação odontológica deve ocorrer conforme solicitação do profissional de saúde responsável pelo acompanhamento do pré-natal. O docente da Anhanguera explica que, na consulta, a mulher deve apresentar a caderneta da gestante atualizada. Nesse documento, constam todas as informações sobre as condições de saúde da paciente, principalmente, o campo sobre saúde bucal, que deve ser preenchido pelo dentista com os possíveis tratamentos odontológicos.
A seguir, o dentista destaca as principais alterações causadas na cavidade bucal durante a gravidez e que merecem atenção:
– Doenças periodontais, como a gengivite, podem surgir com o aumento dos hormônios e a diminuição da resposta imunológica. O problema é causado pelo acúmulo de determinadas bactérias na região do periodonto, que forma placa bacteriana e consequentemente uma irritação gengival. A inflamação causa sangramento, inchaço e, em alguns casos, dores no momento da escovação e ao passar o fio dental. A falta de tratamento e acompanhamento especializado pode gerar complicações na gestação (como o parto prematuro) e pode ter relação com o baixo peso do bebê. A gestante deve seguir com a higiene bucal e uso diário de fio dental, realizar visitas ao dentista de forma periódica e introduzir alimentos que contribuam para a saúde dos dentes, como frutas, folhas escuras e peixes.
– A doença cárie ocorre devido à má escovação, aliada a uma ineficiente higienização bucal, junto ao consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares, podendo causar dor, desconforto e mau hálito. Geralmente, a mulher deixa de priorizar essa etapa de higiene pessoal em decorrência de enjoos. Por isso, é recomendado substituir a escova por um tamanho adequado e, em alguns casos, trocar o creme dental para um sabor que seja mais suave.
– Vômito ou náuseas são comuns até o terceiro mês de gravidez e, em algumas grávidas, os sintomas podem persistir até o final da gestação. Nesse caso, o vômito pode causar consequências na cavidade bucal, provocadas pela acidez na região da boca nesse período.
– Erosões dentárias, em decorrência de episódios de vômito ou refluxos e do consumo de alimentos ácidos ou industrializados. Os ácidos do líquido do estômago podem danificar a superfície dos dentes, afetando as estruturas. Nessas situações, após a ocorrência ou ingestão de alimentos, é necessário fazer a assepsia completa da boca.
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